segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Sem fuso

Fácil fazer uma fusão de algo tão difuso?
Faço de tudo para desfazer a confusão.
Mas meu fuso parece não se adaptar à região.
Desse retrô fashion,
Não vou fazer meu retrocesso!
Desfaço tudo de vez.
Cheguei na última fase.
Game over.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O que será?

E a curiosidade ficou na minha boca,
Na vontade de falar.
"Deixa quieto".
Calei-me. Pra sempre.
Mas sei que ainda não pra sempre.
Vou dizer de outras formas
O que finjo não ter a menor vontade de dizer.

Adeus ano novo

Secretamente, juntei dinheiro para uma passagem futura.
Meu voo com destino ao passado, não resistiu à crise presente.
Quis vender meu passaporte mas era tarde demais.
Não deu pra cancelar a viagem.

Vou passar meu próximo ano em tempo real.

Rendição

Me rendo.
Me internem.
Levem-me aonde quiserem.
Já não respondo pelos meus atos.
Desfaçam todos meus laços,
Retirem os nós da garganta
Que hoje já é dia.
Não posso viver na lembrança
Chega de nostalgia daquele.
O abraço não foi dado a mim de fato.
Prefiro morrer nesse anonimato.

Des-equilibrada

Estômago oco de vazio.
Ronco.
Coração abarrotado de sentimentos.
Ronco.

De cabeça

Assim, do nada, lembrei que ainda sei tudo de cor.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Declaração

Tomo banho.
Pinto minhas unhas.
Escolho a cor da minha roupa.
Penteio os meus cabelos.
Escovo os dentes e a sobrancelha.
Esqueço horário.
Durmo mais tarde.
Durmo até tarde.
Faço compras.
Dou presentes.
Bebo cerveja.
Trabalho.
Fico doente.
Escolho uma nova roupa.
Compro a calcinha pro fim do ano.
Compro o vestido pro fim do ano.
Faço muita coisa. Muita coisa num só dia.
Faço muita coisa num dia só.
Muita coisa sem você.
Sem parar de pensar em você.

Contrato

Tenho medo de precisar muito
De não realizar mais nada pensando em mim
De esquecer que um dia não fui assim.

Tenho vontade de fingir que acabou
De tropeçar em novos erros de amor
De entender o significado de dor.

Tenho ânsia de esperar
De me acelerar na máquina do tempo
De mudar os ares no sopro do vento.

Tenho ansiedade de terminar
De ter tudo pronto sem ter que começar de fato
De ter você nesse contrato.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Hunpf

Nas estórias da minha estante
Ainda não há um instante.


Em todo momento
Mergulho no mesmo pensamento.


Em todos os livros
Ainda não me livro.


Nesse velho romance
Prefiro não dar mais lance.


Mesmo distante,
Neste tormento
Me martirizo:
Me dá uma chance?





segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Reveillon

Já que o Chaves não me quer, vou atrás do Chavez.

Procura-se

Meu blog me diz que tenho vários seguidores...


Mas onde é que eles estão?

Achados e perdidos

Tenho achado tanta coisa...!


Tá na hora de começar a perder.

Máquina do tempo

No meu futuro passado achei que seria mais fácil ter passado para o futuro.

Intervalo

Terminei há um ano o que achei que começaria ano que vem.

Pós conceito

Amantes latinos com bocas latinas dizem galanteios latinamente mentirosos...
"em nenhum momento queria ser a razao da sua tristeza"

Enjoada

Nas vestes de um, outro cheiro me enoja.

Submersas

Se eu fosse afogar todas as minhas mágoas, ninguém mais ficaria triste no mundo.

Fim

Outra vez um começo
Que não vira meio
Que eu não conheço.

Não sei fugir do receio...
Ou desapareço
Ou enfio por inteiro.

Nesse buraco em forma de laço
Não sobra nem mesmo um recheio...
Um dia será que ainda traço?

Conclusão

Mais uma vez, há tração em um eixo.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Novo um

Há um ano, eu postava uma verdade que esperava ter mudado.

"Um

Uma sintonia.Um denominador.Uma semântica.Um amor.Um lado.
Um verso.Uma saudade.Uma frase.Uma espera.Uma traição.
Uma culpa.Uma memória.Uma perda.Um desejo.
Uma paixão.Um sempre.Um de muita coisa.
Um de tudo.Mas um só, nunca são dois."


Um ano depois, posto alguns uns diferentes, mas todos iguais:


Novo um

Uma briga. Um amante. Uma romântica. Um erro. Um fardo.
Um verso. Uma verdade. Uma mensagem. Uma espera. Uma ligação.
Uma culpa. Uma estória. Uma merda. Um refluxo.
Um coração. Um sempre. Um de muita coisa.
Um de tudo. Mas um só, por mais que se tente,
não é eloquente. Um só, infelizemente, nunca são dois.

Pronto

Não ueria gostar nada de: ponto final.

Culpada seja

Pequei pelo excesso...
E, hoje, ainda que eu saiba que talvez esse mesmo excesso foi o culpado pelo meu insucesso, acho que fiz pouco dentre tantas coisas que poderia ter feito.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Boa noite

Era impossível continuar dormindo.
Acordei no meio da tarde com os batimentos do meu peito.
Senti meu coração na garganta.
Tive medo de ter um troço e levantei. Constatei que você não dormia ao meu lado.
Tive alguns troços...

Na ansiedade de acreditar que era apenas pesadelo,
Esqueci de reconhecer que a vontade é maior que a verdade.
Voltei pro sonho torcendo pra te encontrar naquele quarto de hotel.
Sem que você me visse, fui ver nosso futuro passado.
E hoje lembro da solidão do dia seguinte.

Enquanto na minha ilha deserta habita a memória do dia anterior,
Na sua ilha habitada desertam uns corpos em meio a copos de álcool.

Que as doses não sejam mais suficientes pra me embriagar.
Que as minhas dores estejam sempre a me sustentar.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Pra você

Por onde anda
As pernas que eu procuro
Com as minhas?

Pelas mãos
Faço meu escudo
Enquanto não aninha.

No peito de quem voa
É ainda obscuro
Essa dor que alguém tinha.

Mas eu não sou assim
Tipo dedo duro
Que fala além do que devia.

Me mantenho fechada
E deixo todo o ar puro.
Pra quem merecia.

Na gaveta

Para o necessário,
Paro de dizer mais.
E guardo um amor futuro
Sem ódio ou rancor...

Guardo apenas o puro.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Dia de sol em novembro

Dia de sol em novembro!
Nada como uma manhã lindamente ensolarada pra começar o dia com ânimo.
Vim trabalhar ligeiramente atrasada, como sempre.
Mas eu estava com um bom humor impecável! Nada me faria estragar o dia.

Peguei o carro na garagem, liguei o ar no máximo, o som no meu cd do momento e fui.
A Lagoa estava linda! Estava gostando até de parar nos sinais porque assim podia apreciar a vista.
Dois Rebouças depois, cheguei no Rio Comprido. Um bairro não tão bonito, mas muuuito mais quente.
Subi a rua como de costume: cortando uns, desviando de buracos, parando só em alguns sinais...

No estacionamento de sempre eu já ia entrando.

- Hoje não tem vaga não.

Fiquei levemente abalada. Onde eu ia enfiar o carro?!
O pentelho do estacionamento continuou:

- Aconselho a parar ali, ó.

Ok. As minhas opções eram poucas. Fui.

Entrando no estacionamento, não havia vagas. Apenas uma abaixo do box de lavagem.

- Eu vou tirar o Fusca pra Sra parar ali.
- Não precisa. Eu paro ali assim mesmo.
- Não dá não... O carro da Sra é grande...
- Eu gosto de desafios... hehehe

Enquanto eu tirava onda de boa motorista e manobrava e manobrava, o moço apenas olhava.

Já ia entrando na vaga, olhando retrovisor direito, retrovisor esquerdo.
Tudo fluía para que eu pudesse vencer o desafio à física e parar numa vaga sem ângulo algum.
R, vira o volante, D, vira o volante, R, vira o volante, D, R, D, vira o volante.

De repente, eu nem vi nada!

- Pá!

Bati. Assim, de bobeira!
Na verdade eu não vi mesmo porque esqueci pra que serve o retrovisor do meio.
Esqueci. Não olhei sequer uma vez por ele. Não sabia que ele existia!

Pior do que a dor do barulho no ouvido, foi perder o meu desafio pro guardador de carros.

- A Sra insistiu que gosta de desafio...

Ok! Eu sei!!! Mas foi uma batidinha de leve... Nada demais... Já fiz piores estragos...
Só ferrei o parachoque (que já tava pra lá de Bagdá) e um tantinho de nada da mala...
Acho que ninguém nem vai perceber...
Quer dizer, se ninguém nunca mais precisar usar a mala do carro - que é, diga-se de passagem, inútil né!

Enfim, o dia tá tão bonito, o sol tá tão quente, que o pequeno incidente não foi nada pra arruinar meu dia.


E, tenho certeza, ainda dirijo muito.


quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Assim

Assim, sem nem eu pedir
Aparecem recados por aí.
Sem que eu precise implorar
Ou dizer "puxa, vai lá!"

Quando eu penso, já está.
Já fez qualquer coisa
Nem preciso me preocupar...
Assim, fácil assim...

E aí só me falta sorrir,
Agradecer e dizer
Que ninguém nunca fez
Assim.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Dieta

Segunda feira eu começo...
A comer só pipoca e pizza.
A ver tv o dia todo
E a tomar cerveja do seu lado.

Serenidade

Uma nova estação.
Na primavera, verão
Que mesmo sem uma nova flor,
Já foi-se a dor.
Mais rápido que um band aid...

Antes que o sol se deite
Encosto a cabeça novamente
Mas desta vez, de maneira diferente...

Acabou-se tudo.
Mas ficou a esperança
Que me traz a nova estação.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Inocência

Ingênua.
Por acreditar que no seu nome eram seus dedos.
Por não perceber a falsidade em palavras
Que sua boca não diria.
Por estar tão feliz e não imaginar...
Que na sua mente nada acontecia.
E enquanto eu me derretia,
Nos versos de outro
Achei que era a sua voz.
Por tanto engano,
Por tão pouco ceticismo,
Agora não existe mais nós.

Sem teu lado não dá pra compor...
A minha única fonte é a dor.

Uma vida

Morreu.
Como nasceu de uma bem sucedida sequência,
Se foi na má interpretação da inocência...
Que sem saber porque, despiu-se dos medos.
Agiu sempre e em tudo, sem temer o fim.
Pois, viveu o grande amor,
Seu apogeu e sua queda.
E da culpa, sobrou o choro e um sorriso singelo
De quem não tem mais a quem amar.
Acabou.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Marola

Tanto vem e vai...

Não sei se aguento.

Acabou meu remédio pra enjoo.

Hunpf

Na minha cara de pateta,
Um sorriso falso.
De quem viu a vida em cores
Pra depois perder a visão.
Não sei que cegueira é essa,
Nem porque não melhora minha audição.
Mas eu preciso fingir que não sinto.

Na ponta do meu nariz vermelho,
Não sei o que me faz mais mal.
Sem você é assim...
Mas com você tem sido igual.

Preciso ser feliz.
Com ou sem você.

Iniquisição

Qual a penitência para o meu engano?
Não seria essa severa demais?

Afundei-me

Do céu ao inferno em algumas horas.

Amor X culpa

A dúvida não é quando me livro do amor...
Mas quando vou parar de sentir culpa.

No meu calendário...

... já tive dias melhores...

Racionalizando

Não tenho gastrite.
Não sofro de problemas na vesícula.
Meus rins funcionam bem...
Pois então, além de tudo ok na circulação,
Não sei que raios de dor é essa
Que perturba meu sistema digestivo,
E detona os meus batimentos,
Se o problema todo sai da cabeça.

Resultado

Alta produtividade num mês de baixa esperança e de nula segurança.

Amor

E se não fossem nossos erros a me atormentar,
Eu diria sem zelo ou pesar,
Que ainda abraço o mundo
E paro de vez em sempre pra lembrar
Do nosso eterno amor
Que nunca nasceu.

De novo

Mais uma vez, não sei o nome do bar.

Assim...

Que nem mármore de bar.

Erros

A pior dor de todas é a culpa por ter sido enganada.

Sado-maso

Que o sadismo alheio
Seja culpado por todas as evidências
Que o meu masoquismo não pondera
Por não ter em sua essência,
Um mínimo de amor próprio.

Temporal

Depois de tanta chuva,
Veio o sol.
Mas o calor era tanto
Que não resistiu o encanto.
E terminou em chuva
Um novo pranto.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Hoje

Sinto falta da sua ausência.

Mãos

Posso dar as duas mãos?

Vem vindo

Uns novos bens...

Qual a dúvida?

Enquanto enfio o dedo na tomada,
Outro penteia meus cabelos.

Hemisfério

Na minha atmosfera
Desconheço a pressão.
Não há medida humana
Pra nomear a evasão.

Não sei qual é a esfera
Que causa tanta depressão
Se em formas planas
Não há variação.

Talvez seja nessa espera
Que se encontra a solução.
Quando ninguém se engana...
Apenas abre o coração.

Vomitando tudo

Bluuuuuuuuuuuuuu
Bleeeeeeeeeeeerg
Bl...

À deriva

O sul diz que já era tempo.
O norte, que a gripe pode atacar.
O lado leste não se pronuncia...
Mas deixa o oeste dominar.
Não sei nessa rosa dos ventos
Em que hemisfério vou parar.

Vento do norte

Enquanto um novo vale,
Persisto em rios idos
De encontro à ansiedade.

Na hora do mergulho,
Mantenho a cabeça fora
Não me meto em profundidade.

Quando é tempo de saída,
Esqueço que já é tarde
Faltou um muito de serenidade.

Os ventos sopram sem ritmo,
E eu digo: "acho que desisto"
Mas falta coragem pra essa insanidade.

E até tudo voltar ao normal
Nos fantasmas preciso me encontrar
Pra acreditar que já houve nisso verdade.

Fuga

Preciso sair de mim.

Pronto, falei!

To morrendo de ciúmes.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Favorzinho

Posso te pedir pra você me acalmar?
Me diz qualquer coisa.
Me diz que eu não preciso ficar assim!
To nervosa. To ansiosa. Ta tenso.
To com medo...

Medo de não ter a noite mais perfeita do mundo com você.

Ânsia

Nem se eu fizer tudo ao meu alcance.
Mesmo que eu diga todas as palavras do mundo.
Até se eu escolher a roupa certa...
Ninguém sabe no que vai dar.
Tô com medo de esperar...

Já tem ano que espero a chance.
E agora que chega, bate tão fundo...!
Em outros tempos já fui mais esperta...
Mas, nessa hora parece que vou quebrar.
Posso pedir pra te namorar?

Penitência

Qual é a minha culpa por amar sozinha?

De autos

Cansei.
Não quero mais.
Parei de brincar de pique.

Sem você

Medo.
medo.
Medo.
medo. Medo.
medo.
Muito medo.
Medooo!

Chega logo!
Acaba com isso, por favor!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Assim...

Quero chegar de mansinho
Sabendo que não preciso mais dizer nada.
Você já conhece todo o meu discurso...
Só quero me aninhar calada.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Problemas mecânicos...

A mesma distância que já me salvou em tantas, me fez fugir de outras e me apresenta novas boas.
Não sei como regular minha quilometragem...

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Um guardanapo

Frio na barriga.
O mês tá acabando e ainda não disse tudo que precisava.
Abri bastante a boca, virei goela ao avesso.
E ainda assim, tem tanta coisa engasgada...!
já cuspi de lado, já sequei com a toalha.
Mas tá difícil não babar ou dizer tudo ao contrário.

5770

De todos os meus erros, tem um que entra ano, sai ano, eu não me livro.
Não sei o porquê da obsessão em sentir culpa...
Desculpo-me por todas as falhas promessas de esquecer o arrependimento.

Novos livros

Ele me diria:
- Sou eu quem você procura.
E, tão simples quanto o verbo, eu pagaria a verdade no caixa e levaria pra casa meu novo livro.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Contrato

Posso criar uma nova profissão?
Dizer a verdade sobre a minha condição?
Declarar em alto e bom tom
Que na verdade eu não nasci pra isso.
Duvido muito desse dom.
Escrever é coisa pra outros.
Pra quem sabe fazer do coração
Algo além do que sei.
Eu nasci mesmo foi pra sofrer.
Registrando apenas aquilo
Que a lágrima não quis molhar.

E a vida...

Noites boas de sono nem sempre terminam em dias bons.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Calados

Preciso mandar meus olhos fecharem a boca.

De boca aberta

Se eu nada disser, você me entende?
Só de olhar pra mim, mesmo que a distância, ou até em pensamento...
Você sabe o que eu quero dizer?
Talvez você não tenha esse poder...
Posso te ensinar?
A escolher as respostas que quero ouvir.
Na sua gentileza,
Não sei onde foi parar,
Não sei onde fui parar.
Acho que me encantei de graça
Sem ter a certeza.
E agora...
E agora?
Prego pelo silêncio que não sei calar.
Na sua boca, o meu ar.
Então, não, eu te peço!
Não me deixe aqui asfixiada.

Minhas unhas estão pretas.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Sincronia

Sinto o cheiro de um.
Penso em outro.

Meu cérebro e meu coração precisam chegar a um acordo.

Bar

esqueci o nome...

Palpitações

Dizem que dor no coração são os gases...

Acho que vou explodir hoje...

Ansiedade

Eu to nervosa...
Posso apagar minha memória?

Imaginação

Fico feliz em dizer meias verdades.
Poucas palavras que não dizem nem a metade
Do que se deveria dizer quando se sente assim.
Ai de mim.
Que tenho que transformar
Todas as noites em espetáculo
Pra ver se o obstáculo
Sai do meu coração.
Enquanto me divirto em vão,
Sabendo que não tem volta.
Para muitas coisas não tem solução.
Ao passo que uns tem filhos nas mãos,
Eu poetiso sem restrição.
Não faço abortos além dos cálculos
Mas esqueço de calar a boca.
Preciso parar de inventar verdades.

Um ano depois

E chega ao fim a data.
Assim, sem dores nem amores.
Nada como eu imaginava.

Não sei se estou feliz ou triste.

Outra vez o mesmo drink

Às vezes é disso que a gente precisa. Um drink forte, pesado, pra embebedar de vez as lembranças de um passado machucado. Tem horas que só a embriaguez nos permite sair do estado de inércia e da imersão cega a que nos afogamos.
De ano em ano, por mais que se tenha tentado, através de drinks e sobriedades, o resultado pode ser inesperado.
Em uma noite onde tudo pode dar errado, onde o fracasso nem sempre dorme cedo, é na luz do sol seguinte que muita emoção se explica.
Em uma boa dose pode-se esperar que a similaridade denuncie a depressão.
Mas, comigo, não.
Na medida do shot, quando a pergunta veio à tona, dali pra frente, meu deus! Não havia outro corpo. Naquele copo de vodka o barman me dava a certeza.
A mudança pelos mesmo passos é possível e nem sempre dá medo.
No mesmo dia, um ano depois, provei que o igual pode ser diferente. Deixei de lado a face carente. Entrei no banheiro, olhei no espelho e tomei coragem. Assinei embaixo o meu nome e meu recado.
Pedi minha caipivodka com morango e adoçante. E recebi o meu drink. Com açúcar e maracujá.

domingo, 30 de agosto de 2009

Atlântico

Não tinha momento melhor.
Como se esse dia tivesse começado fadado a terminar mal.
De manhã eu já sabia que precisaria de muito mais do que apenas endorfina.
Altas doses...
E, de repente, como quem vê no fracasso a expectativa de um sucesso, saí da estagnação para a vida.
Nos olhos atrás do balcão, percebi o fim de uma noite já acabada há ano.
No início de uma nova história, de um novo...
Assim recomeço um ano que se perdeu além do Atlântico.

Vicky, Christina, Barcelona, Junior...

Eu tenho o dom. Nasci para ser escritora. Só alguém com a minha predisposição para ter histórias pode ter tal profissão. Não é à toa que os meus causos são como são. Não há nenhuma ficção nas minhas poesias. Não há lorota nos contos. Eu simplesmente vivo tudo. Desde a tristeza básica da tpm até o auge da cara de pau de um personagem de cinema.
Os rótulos, não tenho. E há quem diga que eu sou além da linha do comum. Mas não é algo que eu me importe. Bom mesmo é que existe alguém assim. Cuja felicidade se encontra em uma porta de boite ou na calçada de um botequim. Quem faz a minha vida sou eu. E melhor que fazê-la, é ter aptidão para registrá-la.
Enquanto o mundo vibra com a minha criatividade borbulhante, eu brinco de viver romances e recrio a realidade em folhas online.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Sem saber

Muito ruim dizer menos que a verdade, travar a vontade e fingir "nada".
Se eu pudesse, abriria a boca com toda a força pra dizer o que você já sabe.
Mesmo que fosse repetição, ouvir de novo e dividir a obsessão não é desejo somente.
Quero dizer que alguém que sente sabe que até o platônico consegue sentir algo de volta.
E eu, por maior a loucura, ou pra afogar meu desespero, preciso ser honesta comigo mesma e gritar pro mundo inteiro:
- Eu não sei amar. Mas sei que...
E, assim, sem ter o que dizer, você ri, me abraça e nem sabe por quê.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Caderno novo

Entrei na livraria como alguém que invade ensanguentado a emergência de um hospital. Preciava de algumas resmas para a minha cura. Eu não sabia que ficaria tão perturbada...
Rodei as sessões sem conseguir decidir o que ver primeiro. Meu olhar estava incapaz de focar-se em um livro apenas. Não havia concentração suficiente nem para me fazer acalmar e perceber que não havia livro na minha frente. Eu estava parada, no meio do corredor da livrariasem saber se chorava ou se sorria.
Meus dedos foram buscar a solução e em pouco tempo eu folheei uma dezena de capas e páginas. Mas não lembro-me de nenhum título. Eu queria que um qualquer se atirasse em cima de mim e me dissesse:
- Sou eu! Sou eu o que você procura!
E aí, num passe de mágica, eu teria em minhas mãos, em preto e branco, tudo o que eu gostaria viver. A cada dia ele se reinventaria para que eu nunca o colocasse de volta em seu lugar e para que eu nunca procurasse um substituto.
Uma história nova por dia. E ponto. Novos dias, novas emoções da dupla inseparável. Eu e ele. E ele sempre a me agradar...
Enquanto eu admirava as minhas ilusões, me deliciava com a minha imaginação, percebi que não haveria solução. Depois de ser esbarrada por um decidido e realista na livraria, me dei conta. Nesse mundo não haveria alguém a me contar as histórias exatamente como eu as queria. Ninguém seria capaz disso.
resistindo à crença em mim mesma, dei por declarada a derrota e comprei um caderno novo para mim. meu livro sou eu mesma que terei que escrever.
Na fila do cinema, as pipocas por inteiro desciam goela abaixo. Não havia saliva para diluir todo aquele estouro.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Agosto

Mês do desgosto.
Mês de um gosto tão grande...
De um ano de agosto a outro
Nada além de tentativa de gosto...
Mas agosto, como ele mesmo diz:
Não há gosto algum.
A-gosto.
Não sobra nem um pouco!
De tanto mês, a gosto da vez,
A vontade acaba na estação
Que muda apenas a gosto
De quem não quer ter desgostos
em uma distância ou na contra-mão.

Sem regras gramaticais,
Ou a gostos da autoria,
Agosto é o mês
Onde começa e termina a alegria.
Sempre a gosto do freguês.

Breve descrição

Sou carioca, artista, escritora, louca, poetisa, vulnerável, apaixonada, publicitária, estudante, intensa, desorganizada e exagerada. Sei muita coisa. Mas, ainda não sei como arrumar meu quarto e o que fazer com tanta sinceridade.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Na minha praça

Vem chegando o momento
E a ansiedade não passa.
Não sei o motivo...
Não acho a menor graça
Em saber que meu sorriso
É maior em outra praça.
Enquanto o tempo pára
Ninguém mais disfarça
Que a alegria existe
Mas que sem você é escassa.
Posso dizer que só o que preciso
É de um pouco mais de raça
Pra assumir que sem você
Não vai haver mais desgraça.
Preciso parar de temer
Viver sem seu abraço.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Realidade

É no meu sonho
Que tudo fica tão real,
As emoções são verdadeiras
E não há ilusão alguma.
É nessa fantasia
Que tenho certeza da veracidade,
Que sei que os fatos existem de fato
E que o resto a gente arruma.
É na minha vontade
Que percebo toda a alegria,
Que meu medo não me deixa
trazer pra realidade
Sem existir na minha sanidade.

Uma loucura se apruma
Na minha felicidade.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Coisas que só acontecem comigo

Coisas que só acontecem comigo...

Eu fui malhar hoje cedo, como sempre. Tudo normal...
Só um atraso básico que me fez acelerar os preparativos para vir ao trabalho.

Eu fui pra garagem pegar o carro (sendo que ontem, às 23h eu cheguei em casa da natação e resolvi parar na vaga mais difícil do prédio - que tem que ser de ré e tem obstáculos!).
Arranhei de leve o parachoque e saiu um pouco da tinta ali...mas nada demais... Nada demais, pai!!!!! Juro!!!!
Nada que uns 50 reais no máximo não resolvam ...

Hoje, na pressa, desci correndo, esquecendo de tudo.
Tive que pedir pra Jã, a empregada lá de casa, colocar na portaria um saco com o que faltava.
Mó corre corre!
Eis que, ainda entrando no carro, quando fui passar pelo pequenino e estreito espaço entre o veículo e a parede, pá!!!!
Não sei o que aconteceu! Acho que apaguei!
Só sei que bati a cabeça na porta (que eu já tinha aberto) dos dois lados!
Entrando no carro algo aconteceu e não sei o que foi!
Mas bati o olho na porta e a cabeça na parte onde a porta fecha.
Como se eu tivesse virado o recheio do sanduiche da porta do carro!

Enfim, agora to com o olho esquerdo mega inchado! como se não bastasse uma espinha interna gigaaaante perto da boca que tá simpelsmente tão grande, mas tão grande, que o lábio tá até meio inchado por causa dela também!!!!

Ufa!

Sendo que ontem o meu porteiro que não gosto me mandou parar na outra vaga. Mas eu não quis porque na outra vaga alguém poderia me deixar presa hoje de manhã...

Fim das contas, parei na vaga que quis, arranhei o carro e bati a cabeça em 2 lugares!

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Dita

Tem dias que é assim mesmo.
Não dá pra aguentar.
Nem sei o que fazer
Nada alivia isso.
Não consigo me concentrar...
Nem sei quanto ao sentimento
Só interessa o resto.
Eu to num desespero,
Tão grande que até
To fingindo respirar.
Não sei se é só meu medo
Ou se sinto de verdade
Algo além da vaidade
De ser só sua por um instante
E te entregar meu desejo.

Ai, mulheres...

E como toda mulher que não se engana, resolvi falar mais do que o devido.

Não conta

Até para a pouca vergonha
Há coisas explícitas demais.
Sabe-se lá quais são...
Eu nem sei.
Mas prefiro esconder
Antes que seja cedo
Revelar um segredo
Que eu finjo não ter.

Apresentação anual

Faz tempo que não...
Há ano.
Culpado é aquele
Que diz ser impossível
Dar o ar a tudo aquilo.
Quisera o esquecimento
Parecer contradição
Do passado do ano
Que não ficou pra trás.
Agora que faz aniversário,
Nem adianta disfarçar.
Saudade não é nostalgia
Mas há quem ache que há
Solução pra alegria
Roubada da mão do ido
E que não há mais de voltar.
Enquanto o ano que não passou
Insiste em não chegar,
Apresenta-se a dor
Como quem nada diz:
Prazer,
Meu nome é.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Escritor nunca é feliz

Ouvi essa de um amigo no sábado.

"Escritor nunca é feliz. Não conheço nenhum que seja."

Não sei quantos escritores ele conhece pra ter feito tal afirmação, mas descobri que preciso decidir se quero ser escritora, ou se quero ser feliz.

O que é poesia?

Um piche no banheiro do mercadinho no sábado à noite conseguiu exprimir em uma frase a ideia complexa e coesa do que significa poesia:

"A poesia é o tesão da palavra".

Enquanto apertava a descarga, sorri sozinha, anotei a frase no celular e torci pra criar um dia uma frase melhor do que essa...

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Medinho

Não gosto de lugares cheios.
Mas tenho medo dos vazios.

Timidez

Às vezes gostaria de ser mais explícita.
Mas tenho medo do que o papel branco vai pensar.

Ciúmes

Morro de ciúmes de você.

Odeio quem te conhece mais que eu

Não à toa.

Quero ser a única.

Sei que ninguém ainda venceu

Essa crosta.

Não adianta esquecimento.

Mesmo no ápice do apogeu

Do exagero.

Eu odeio quem sabe mais.

Não quero ver jamais

Alguém melhor que eu.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Ados de antos

Deixe-me no canto
Quero ficar de lado.
Não sei o errado.
Nesse pranto
Exagerado foi
Meu encanto.
Nem sei porque tanto
Fingi meu enfado
Que até o maior santo
Sabe que foi premeditado.
Não sei pra quem tenho ligado.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Musos

Narcisista.
Pela vaidade de se ver descrito
Pela vontade da atenção,
Meus musos viram atores
Sem nenhuma direção.
Decidem atos, dramas e risos
Que minha loucura roteiriza
No teatro da obsessão
Em versos que não reconheço a autoria.

Depois de tudo

Cheguei atrasada na faculdade.
Mandei mensagem dia sim, outro também.
Liguei de casa.
Liguei da rua.
De manhã, de tarde e de madrugada.
Não pensei em mais ninguém.

Investi o que gasto por ano em roupas.
Fiz ligações de longuíssima distância.
Chorei sozinha.
Chorei com amigos.
No primeiro, no último e neste mês.
Não passou nem um pouco a ânsia.

Senti ciúmes como nunca antes.
Tentei ignorar essa obsessão.
Fiquei com outros.
Fiquei à toa.
Perdi a conta e a vontade e sobrou a dor.
Não estive acordada nessa ilusão.

A única pergunta que me resta
Após tantos sentidos diferentes
É se mesmo com toda minha mazela
Você sente alguma coisa por ela.

Dia do amigo

A idade está pesando. Sei que ainda no começo dos meus 20 e poucos anos, dizer que a idade pesa é uma hipérbole personificada de uma sensação um tanto quanto recente. Mas o que importa de fato, é que refleti esses dias sobre os meus amigos.
Dei-me conta que sinto cada vez menos necessidade de alguns chamados amigos. Já não fazem muita diferença se os vejo. Gosto deles, quero que sejam felizes. Mas meço meus esforços para encontrá-los.
Enquanto por outros, a amizade já não é mais o que era anos antes. Esses outros são vocês. Vocês não são meus amigos, somente. Fazem parte de uma história muito maior do que isso.

Eu não posso pensar em quem eu sou sem levar em consideração a mongolice peculiar de cada um, as testas tilintantes de outros, as piadas ruins, os risos perturbadores, as revelações bombásticas e os abraços reconfortantes.
Aliás, descobri hoje lendo o dicionário que a palavra “testo” significa “firme, enérgico”. Ninguém mais pode reclamar da força do testo-tapa, hein!!

Eu estou ficando uma velha chata. Mal humorada, impaciente e intolerante. E a melhor coisa de todas essas minhas novas qualidades, é que vocês ainda assim me aturam, me suportam, me amam (será?), ou pelo menos fingem pra poder ganhar comida da Dona Regina.

Eu fico p da vida quando penso no tempo em que perdi com outros amigos que nem são tão amigos assim. Só não me arrependo de fato pois sei que se não tivesse conhecido tanta gente sem ética, sem moral e sem nexo, eu não seria capaz de reconhecer o potencial de vocês – apesar de desconfiar do potencial do Marcus de vez em quando...

Hoje, no dia do amigo, eu percebo que eu não precisei escolher amigos. Os que fiz na infância, ali, brincando à toa, são mais do que suficientes para o que eu preciso. Uns poucos raros outros que fiz mais tarde, foi apenas por causa de um atraso no tempo.
Não quero amigos novos. Os meus velhos amigos conseguem ser sempre as minhas novidades mais importantes.

A pé

A diversão acaba mais cedo
De vez em quando por aqui.
Não sei qual o tipo de medo.

A culpa de todos é uma só
E quem a tem sabe o sim.
Não sei desatar o nó.

A alegria parece mentira
Mas há quem finge ter fé.
Não sei aturar minha ira.

Vou-me embora andando.
Os calos protegem o pé.
Mas não sei caminhar sozinha.

domingo, 19 de julho de 2009

não...

não sei o que fazer.
não reconheço meu desespero.
nem essa vontade.
não olho no espelho e nem sei o que eu quero mais.
não sei o que acontece. não sei de quem é a culpa.
não sei se há culpados.
não sei o que você quer. n
ão sei a que sessão você vai domingo de noite.
não sei mais qual o meu limite.
não sei.
sei menos do que sabia há um ano.

gostaria de saber ao menos se amanhã vai ser dia de sol.

fato

Triste é perceber que
Mesmo cansada
Mesmo com sono,
O que eu queria mesmo
Não era dormir, mas
Acordar ao seu lado.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Assim

- Mas você acha que vale?

- Não sei. Depende de você.

- Por que você coloca a responsabilidade nas minhas mãos?

- Porque a decisão é sua.

- Não sei se sou capaz de decidir isso sozinha...

- Não posso te pedir uma coisa dessas...

- Hunpf.

- Hum...

- Você sempre fica quieto, né?!

- Ahã.

- Monossilábico...

- É.

- O que eu faço, hein?

- Já te disse. Não posso decidir por você.

- Mas o que você quer? O que quer de mim?

- Não sei...

- Se você não sabe...

- Não sei se quero...

- Se me quer?

- Sei lá. Não. Quero você. Mas assim...?

- Assim como?

- Não como está.

- Ok. Então você só me quer de outro jeito. Mas é impossível agora!

- Eu sei. Então, o que você sugere?

- Anh??

- Qual a sua ideia?

- Não há nada pra sugerir... Não tenho ideia.

- Eu sei...

- Mas eu sei o que eu quero. E você?

- Isso adianta?

Foi assim que não aconteceu nada entre duas pessoas.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Constatação do tempo

Tempo de céu claro em São Paulo.
Temperatura entre 18° e 25°.
No Rio, nuvens carregadas cobrem o dia,
Depois de uma seca de dez meses.

sábado, 4 de julho de 2009

Distância

Apenas umas duas horas separam.
Posso adiantar o relógio?

Você sabe...

Às vezes sou só meio louca
Outras, sou muita coisa.
Pode ninguém me entender
Ou fingir que não vê.
Mas tem horas que é assim
Você se desculpa e eu digo "sim".
Pronto. Tudo de novo novamente.
De tudo posso ser, menos indiferente.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

O quão mais é necessário sofrer
Para ter seu olhar?
Talvez eu ainda não tenha me humilhado o suficiente...

...

Não estou bem.
Mas tem gente que não está nem aí.
Qual o limiar?
Acho que perdi o timing...
Até em sonho fiquei de cara no chão.
Deixei-me dominar
E fiz besteiras pra disfarçar
O medo que eu tive em não ter.
Me arrependi de umas
Mas nem deu pra perceber
Se no crivo alheio o julgamento
Ignora qualquer tormento
E faz, próprio, o pensamento
De tudo que existe pra ser.
Enxugo-me.
E espero agora
Que seja dada a hora
De não ter mais o que dizer.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Não queria gostar nada de brincar de bola.

Verdade de verdade

Dizem que a partir da terceira vez dita, uma mentira se torna verdade. Estou dizendo pela terceira. Pra ver se acontece isso comigo.


Verdade

Busco musos.
Corro atrás de amores escusos
De fato, não amo ninguém
Apenas idolatro o que me convém.
Sem me preocupar com nada,
Procuro no desdém
A razão pra continuar
Amando sempre em vão.

(mentira original: 06/11/2007; mentira 2: 19/12/2008)

Gripe suína

Não!
Não vou esperar quarenta dias.
"Não, não vale"
Não vou ficar em observação.
Sex ta de noite.

Não viajo mais para fora do meu bairro.

Bom humor

Bom é fazer piadas mesmo de mau humor.
Mas tem gente que não sabe disso.

Fica pra próxima

Essa semana decidi colocar uns avisos novos na porta:


1. Honestidade não é sinceridade.
2. Ser honesto e sincero não é ser grosseiro.
3. Grosseria não é afrodisíaco.
4. Ironia tem suas horas.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Foi-se o tempo em que a desconfiança permitia à minha insegurança um mínimo de distância.

Direção

Mesmo dirigindo no escuro, havia anos que não errava o caminho.

Desconfio

Tem muita sereia achando que é peixe.

Ataque

Ataquei de mim mesma
Quando taquei as verdades.
Não deveria ter aberto mão
Tinha que guardar a vontade.
Pois em outra vaidade
Mora uma certeza
Que não condiz à realidade.
Tá sobrando falta de caráter
Nessa tal de sobriedade.

Domingo à noite

Clichê...
Na última sessão
Como se houvesse desculpa
Pra solidão inventada.
Já que é impossível
Ficar junto a si mesmo,
A desculpa da necessidade
Tenta suprir a falta de lealdade
Ao prórpio coração.
Alguém, pelo menos,
Respeite a razão.
Tenho nojo da pouca criatividade.
O mais dificil ao escolher o que dizer é conseguir ficar em silêncio.

Sob encomenda

Enquanto você comia o combo triplo
Eu arrancava pelos com as mãos.
Bem sabia.
Não podia acabar nada bem.
Um egoísmo tão grande
Não dá pra vestir esse tamanho.

Pedi a conta

- Se.
- Quando.
- Solteiros?
- Não, não vale.
- O nome não importa.
- Vamos ao cinema?
- Ótimo, excelente.
- Desgradável...
- Ponto na história.
- Incrédula...
- Não sei o que te dizer...
- Nunca...
- Desculpa.
- Humilhação.

Spam

Podia entupir mais as caixas.
De repente ficariam como eu:
Entupidas de gordura.
Como gruda!
Manda pra spam,
Sugiro, enquanto dá.
Depois, na vida dura
Nem com folha de arruda.

Existe praga que não sai.

Piada

Só gostava de mim quando estava de bom humor.
Então, de quem gostava?

Confesso

Não estou sendo irônica.

Descoberta

Nessas minhas andanças que eu descobri.
Só é possível o gozo quando há bom humor.

Seria o travesti palhaço de circo?

Hunpf

Minha caneta faz:
Tec.
Tec.
Tec,
Tec.
Tec!
Tec!!
Tec...
Téc.
Tec.
Tec. Tec. Tec.
Téééc.
Teeec...
Tec.


Hunpf.
Vooooooooooou!

Joguei pela janela.

Transmentindo

Dá pra botar no ar?
É fácil, bem rápido.
Você diz o que não sabe
E eu digo o que não sinto.

Posso?

Posso repetir a pergunta?
O que vale a pena,
Ignorar a certeza que não vem
Ou fingir que está tudo bem?
Posso fazer os dois?
Ao mesmo tempo,
Brinco de ser normal
E você de ser real.
Posso acreditar em tudo?
Engano a minha razão,
Lembro de uns dias
E gravo só alegrias.

Migração

Soprei de leve
De mansinho
Foi só um
Fuuu...!
E o vento
Se encarregou sozinho.
Levou de cá
Lá pra distante
Meu ar...
Sorri.
E tudo
Foi mais que instante.
Agora volta
Um pouco de pressa
O coração.
Pois no verão
Nenhum amor regressa.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Durante tanto tempo

Tudo que eu precisava saber
Era o que você queria de mim.
E, depois de tanto me ater,
A única coisa que sei, enfim
É que não há nenhum prazer
Em saber que você
Não sabe nada de si mesmo
Além do que não quer dizer.

Em uns nãos
Em meio a sim
Percebi sei lá.
Ou, ainda não.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Curva reta

Nem em minha felicidade
Escondo meus medos
Segredo minha ansiedade.

Fosse a minha majestade
Certeza de acertos
Sobraria mendicância.

Mas nas palavras de um sábio
Não há ilusão criada
Que não pelos próprios lábios
De quem ouve de forma errada.

Será preciso, então, ao começo
Lembrar que na mesma reta
Pode haver um desvio, ou tropeço
Pra curvar na direção da seta.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

No seio

São meios
As minhas meias palavras
Que dizem em sílabas
O tudo inteiro.

Em linhas
Sem separar nomes
Que eu ainda sei
Pronunciar direito.

Nas vozes
O silêncio do verbete
Dito em semi tom
Não parece galanteio.

Entre umas
Às vezes é na mão
Que outra expressão
Mostra a que veio.

À hora
Quando estiver no recreio
Entre azar, sorte e jogos
Dilui-se o receio.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Pequenos passos

Será que eu posso
Assumir só um pouquinho.
Assim, sem medo
Devagarinho
O que tento esconder todo dia?

Bem de leve
Até de mansinho
Eu posso dizer que finjo
Mesmo de mentirinha
Só pra te dar alegria?

Não precisa dizer nada
Só faz um esforcinho
Enquanto eu ando
Não sai do meu caminho!
Fica do lado, de guia?

Pra apenas saber se posso
Apesar do desalinho
Das lembranças que não tenho,
Fazer um qualquer beicinho
E expulsar a melancolia.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Uma garrafa de água

Algo me diz
Que nos meus novos vícios
Encontro menos.

Não sei nada
Sobre os tantos artifícios
Que todos nós temos.

Eu ainda temo
A queda nesse precipício
No voar lento.

Enquanto à toa escrevo
Me pesa um edifício
Que não derruba o vento.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Em guardanapo de bar, muita coisa se pode criar

Pega na mão,
Pega no braço,
Sacode!
Descarrega!
Sacode!
Descarreeeega!
Senta!
Levanta...
Senta!
Levanta.
Não sei se é sessão de culto religioso ou orgasmo ecumênico.

obs: agradecimentos a andré, josé e ana. brain storm com guaraná diet e muitas rodelas de laranja.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Glória

Às vezes é preciso contar os louros a sós.
Sem olhar para os lados, subir em palanque ou pedir permissão.
Apenas sentar sozinho, agraciado pelo próprio feito.
Mesmo que ninguém saiba, como se o mundo não ligasse.
O que importa os outros? Pode ser até ruim...
Já ouvi de uns que temem o olhar alheio.
Muitos contam vantagem por aí.
Eu conto pra mim. Não por medo do outro.
Mas por receio de um dia querer contradizer meu feito.

Profanação

Qual a culpa da intensidade?
Em pequenos verbos,
Os gestos contradizem
A amplitude tão vasta
Enquanto não chega a ansiedade.

A calmaria entorta os dedos
Apertos sinto em meus joelhos.
Quando dizem que não há mistério
Apenas umas vindas erradas
Nunca erradicadas pelo medo.

Fosse o mundo pouco profano
Não restaria sequer alma
Pra chamar de amor um erro.
Do vestido recém remendado
Cato o muito que resta de pano.

Esqueci II

Esqueci, nada!
Tudo mentira!
Intriga da minha oposição
Dizendo que é verdade que não lembro.
Só às vezes esqueço
De súbito que não há
Muito pra se lembrar.
E aí espero no pensamento
O esquecimento de uma memória
Que vai ficar
Querendo meus eus, ou não
Nessa mesma história.
Posso até apagar umas partes
Editar umas cenas,
Reclamar do continuísta,
Esse sim esquecido.
Mas quando eu disser que esqueci de verdade,
Desconfie da minha tonalidade.
Perceba nas entrelinhas
Que às vezes são as meias palavras minhas
Que dizem a frase inteira.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Frase do dia

"A imaginação é mais importante do que o conhecimento".

ps: frase de hoje do meu orkut. Até que enfim ele começa a me entender...

Dia seguinte

Depois de um dia tenso, sem descanso. Trabalho das 6 às 22h, tudo que eu precisava era inebriar-me. Sem dúvida nem receio, cederia aos desejos da vida mundana. Não aguentava mais. Precisava entorpecer-me.

Ele passou o dia gritando comigo, como se o estresse tivesse sido assim, por minha culpa. Eu!

Que havia me exercitado, suado, passado o dia todo sob um sol de 40°. Indo do Galeão à Barra, passando por todos os bairros da Zona Sul. Então, eeeeu, que aguento o tranco todo dia, dei-me o direito de me irritar. Foi quando parei no meio da Perimetral e gritei com vontade:

- Completa de álcool! Agora, só álcooool!

Foram tantos litros que hoje não prestei. E só no meio da ressacas é que me dei conta de que não sou flex.

obs: esse texto foi um exercício de conto de um objeto inanimado.

Felicidade

- Você é feliz?
Que pergunta! Lógico que sou!
- É lógico, por quê?
- Meu amor, ao seu lado quem não seria?
- Isso tá me cheirando a demagogia...
- Porque eu não seria feliz?
- Cada um tem seus motivos...
- Você me perguntou baseada em quais?
- Nenhum. Perguntei de bobeira...
- Tem certeza? Ou tá tentando me confundir?
- Não... Só achei engraçado você afirmar com tanta veemência que é feliz.
- Você é feliz?
- Sou. Às vezes.
- Por que às vezes?
- De vez em quando fico triste...
- Triste?
- É! Tem vezes que não me sinto feliz... Por isso.
- Por exemplo...
- Como quando você briga comigo.
- Só isso?
- Não... Quando vou trabalhar. Você sabe que eu não gosto muito desse emprego e...
- Que mais?
- Ué! Sei lá! Só sei que de vez em quando não sou feliz. E você?
- Eu sou. Já disse.
- Mesmo quando não está bem?
- Sim.
- Não acredito...
- Por que?
- Porque eu te vi triste outro dia...
- Outro dia eu te vi comendo batata frita. Mas não é por isso que você é gorda.
- Você tá me chamando de gorda???
- Nããão...
- Seu infeliz! Precisava me atacar assim?
- Não...
- Tá vendo! Taí o motivo pelo qual não sou 100% feliz!
- Você me entendeu mal...
- Você é que entende mal as coisas. Totalmente dependente dos seus pais, num sonho ilusório de que um dia sua vida vai mudar! E ainda por cima me chama de gorda pra suprir sua própria infelicidade!
- Não foi isso que eu quis dizer. Eu só to
- Entediado! É isso!! Olha, eu não tenho nada a ver com esses seus problemas.
- Meu amor... Não fala assim... A gente pode magoar o outro...
- Já to magoada! E irritada! Entediada! Por que você faz isso? Você é muito imaturo, sabia?! Fica jogando em mim as suas frustrações. Só porque sou frágil, sensível, insegura... E feliz às vezes.
- Mas foi você quem começou essa discussão sobre felicidade!
- Discussão...
- Roberta, você tem que rever essa sua análise. Não ta te fazendo bem...Assim você vai acabar
- O que?
- Vai acabar ficando infeliz!
- Lógico! Com um noivo que acha q sou gorda e me culpa por tudo!
- Meu amor... O que fizeram com você? Você era feliz!
- É! Já fui muito feliz. Felicíssima! De dar inveja aos outros.
- Por isso me apaixonei por você.
- João, você é feliz ainda? Comigo?
- Foi a primeira coisa que te disse quando acordamos hoje...
- Então tá.
- O que?
- A partir de agora seremos felizes.
- Eu já sou. Só falta voc...
- Joããão!!!
- Ok. Seremos felizes. Eu e você. Pra sempre. Como nos contos. Pode ser?
- Pode!
- Então tá.
- Tá.

(...)

- E o que a gente faz agora, que somos felizes?
- Não sei. O que você quer fazer?

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Essa é sem nome e velha (23 de maio de 2007)

Será que seria muito egoísta pedir pra você nunca se apaixonar?
Tenho minhas dúvidas sobre o que é amar...
Se eu soubesse apenas gostar...
Seria tudo diferente.
A mim, nada seria eloquente
A ponto de achar que vou perder você.

Não penso em mais nada
A chuva cai mas o chão está seco.
Parece que o céu confundiu tudo.
O sol ciumento não permitiu a geada.

Você diria: "besteira,
Estarei com você de qualquer maneira"
Mas será do jeito que eu quero?
Acho que nada será como espero...

Só vejo cinzas no mesmo lugar
Onde deveria estar meu coração
Queimou inteiro, acabou meu ar
Respirar é uma ilusão.

E por mais que eu finja
Que eu minta pra mim
Ninguém acredita
E pra você que é mais eu do que sei ser,
Como eu posso parecer calma
Se minha alma eu não sei cadê?!

Causas

É na razão que recrio
As mesmas paixões.
Não há ser sem emoção
Mesmo quando há caminho.

Nesse meu arrepio
As mesmas causas.


obs: essa poesia tava perdida em algum lugar. Resolvi postá-la. É velha! De 10 de junho de 2008.

Felicidade

Não amo ninguém. Ganhei na loteria. Escrevo por prazer. Faço o que der na telha. Nado todos os dias. Vou à praia quando faz sol. Tomo umas no fim de semana. Uso minhas próprias roupas. Compro algumas coisas às vezes. Leio livros e poesias. Escolho os meus amigos. Ajudo muita gente. Rio quase sempre. Sou independente. E tem uns que ainda vêm me perguntar o que é felicidade.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Circo

Há horas em que o artista apenas sai de cena. Termina seu show, agradece a audiência e espera o fechar das cortinas. Embora nem sempre receba as críticas do público, tem através dos risos e choros ouvidos durante o espetáculo a avaliação do público.
Um dia, no entanto, o artista não ouve nada. Não escuta fungadas, nem sussurros e nem risadas. O público etá ali, apático. E ainda presente apenas para fazer valer o ingresso comprado com antecedência. Se soubesse esse público do desastre, talvez não teria pagado pra ver.
Alguns raros ainda assistiriam ao artista. Quem sabe, na ânsia de entender o que pode ser, no julgamento de outro, o melhor número, a melhor carta na manga. Mesmo discordando de quem se apresenta, esse público está disposto a pagar pra ver se todos os minutos valeram a pena. Quanto valem os seus próprios minutos.
Uns saem satisfeitos. Pelo menos o show foi melhor do que o esperado. Outros acham que durou demais. Põem um ponto final tão rápido quanto o inicial. E, por último, há os que não sabem julgar o que assistiram.
Direito de todos, claro. Ao artista, cabe a coragem de se expor sob um holofote. O medo do artista, no entanto, é perceber ao final de tanto esforço, entrega e preparação, ainda que ele seja o único capaz de fazer tal, que nem sempre é possível emocionar o público. Para bem, ou para mal, com ou sem mágoas, é essa a hora de desmontar a lona.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Abril

Não sei porque mas sempre gostei deste mês. Talvez pela sonoridade da palavra que quando criança era motivo de piadas. Ou porque o mês começa sem se comprometer com a verdade`
Posso enumerar algumas grandes datas nesse período, assim como posso dizer que vários dias não significam nada. Mas, abriu, E é sempre um mês de começo.

Talvez minhas raízes judaicas possam explicar esse sentido. Mesmo que eu as taxe apenas de coincidências. O certo é que desde a minha vinda para esse Egito, Abril é somente ele.

Amanhã é comemorado o Pessach, a páscoa judaica. E hoje me vi um pouco mais inspirada para começar os meus êxodos.
Pela primeira vez em alguns anos, sentei-me em um banco diferente do ônibus. Sobre aquele banco havia uma goteira. Deliciosa metáfora. Uma profecia moderna para noção de prosperidade que uma pequena mudana pode fazer - apesar de que, para ser honesta, eu já estava me irritando com o spingos na cabeça.

Não houveram outras mudanças nessas quase 18horas da minha véspera de libertação, mas de alguma maneira sinto que o primeiro passo foi dado. Sei que meus antepassados caminharam 40 anos. No entanto, é crucial ressaltar que parte da libertação deles consistia em mover-se fisicamente.
A minha prisão, porém, não requer deslocamento. Para que eu saia do meu egito, sei que preciso aprender a diferenciar a memória do saudosismo.
Para quem crê na importância da primeira, sabe que o que é memória é história. É passado. Um acontecimento anterior acabado. Para quem imortaliza a segunda, resta a esperança de emancipar a lembrança e destituí-la do presente posto de supremacia.

Eu ainda busco a minha libertação sem revela-la em uma fuga. Aliás, quando é dit que meus antepassados "fugiram do Egito", doi-me uma dor cheia de redundância. Reduzir esse tip de decisão e de trajetória como fuga, é subestimar a capacidade hmana da superção.
Um e outros medos serão sempre calços para uma cadeira que não quer mover. No entanto, ficar bamba pode revelar novos ângulos de um mesmo lugar ou pode servir para engatar uma nova marcha.

Eu, provavelmente, ainda trilho no insucesso da libertação. O fracasso, porém, só vou saber se tive daqui aos meus 40 anos no deserto.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Desconfio de certas gramas

- Por que as mulheres são tão desconfiadas? - ele perguntou na ânsia de ouvir da minha boca uma explicação plausível. Eu apenas ri.



- Sério. Engraçado, né?! Mulher sempre acha que a gente é garanhão, que é só conversar com uma outra mulher e tá tudo perdido!



Fiz qualquer expressão facial.



- Você também é assim? Desconfiada?



Ri um pouco mais e assenti de leve com a cabeça. Queria concordar com mais veemência, mas tive receio em assumir pra mim mesma a fragilidade.



Ele, então, calou-se. Talvez quisesse contar seu drama. Mas eu não estava à disposição para esclarecer para um homem qualquer o porquê da insegurança feminina.

Veio à mente a reflexão. Se todas as mulheres são desconfiadas, talvez sejam eles, os homens, os responsáveis por tal.

Esses modelos masculinos e femininos injetados pela sociedade são, na verdade, não preconceitos, mas sim desculpa para ações impensadas. Impulsos sem justificativa fundada, baseada em acontecimentos, causas e efeitos.

No entanto, pensei nessa concepção de que meu discurso talvez também fosse algo que fora me dado pronto. Não tive experiências o suficiente nos meus 20 e poucos anos que me fizessem grantir uma análise totalmente particular.

Fiquei mais desconfiada ainda. Até imaginei, por consequência, que aquele homem aparecera para mim com aquele desabafo por intermédio de uma intervenção cósmica.
Há muito que eu não pensava na visão de mim mesma frente ao universo do sexo oposto. Não sei se por descuido, ou por retração.

O que de fato me ocorreu é que aquelas poucas frases proferidas em uma manhã qualquer por um homem desconhecido tem uma verossimilhança indescritível, quase inexistente. Ainda mais hoje, quando a insatisfação parece brotar como erva-daninha na grama, sem nem motivos.

Mas, se a grama do vizinho é mais verde que a minha, eu prefiro agarrar à insconstância de uma ulher. A segura morreu de velha. Mesmo sem a grama limpa.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Ainda, mas nada

Quando ele ressurgiu, meses depois daquele dia, eu gelei. O telefone tocou e a foto apareceu no visor. Era um amigo dele.

- Você tem visto o Pedro?

Fiquei meio sem jeito. Eu não sabia do Pedro desde que havíamos discutido pela última vez. Ele estava fora da minha vida, ao menos fisicamente.

- Não.

Fui seca. ão por raiva ou ressentimentos, mas por receio de demosntrar um resquício qualquer de emoção.

- Hum - ele continuou - É que amanhã é aniversário dele e...

- Ah, sim. Já tinha me esquecido.

Como se eu fosse capaz de esquecer. Às vezes eu detesto a minha memória. Tenho vontade de enfiar uma borracha pelo ouvido e apagar un fatos, datas e dados do meu cérebro.

- Pois, então. A gente tá organizando uma festa surpresa. Vai ser aqui em casa, às oito.

- Sei... Mas...

- Mas, o quê? Eu sei que você é uma pessoa madura e pode muito bem confraternizar com ele sem problemas... Tem tempo.

Golpe baixo. O amigo, publicitário de uma importante agência, sabia convencer alguém pelo ego. Aliás, foi com essa técnica que apresentou-me o Pedro, anos atrás.

- Guilherme...

- Ótimo! Te espero lá. Beijos - ele desligou.

Ainda fiquei uns minutos parada dentro do carro no estacionamento do trabalho. A hipótese de encontrar o Pedro me deixou completamente nervosa. Sentia meu corpo tremer como quando fazia minhas primeiras entrevistas coletivas. Hoje, pessoa pública com livros traduzidos em oito línguas, não entendia aquela ansiedade. Mas sabia que era preciso comprar uma roupa nova.

Cheguei em casa após comprar uma saia e uma blusa sociais, no estilo executiva, "mulher ocupada". Não conseguia dormir. Duas horas de palavas cruzadas depois, embalei no sono.

...

Às sete da noite do dia da festa eu já havia encerrado meu expediente. Dali para a casa do Gui seriam apenas 15 minutos. Passar em casa antes, no entanto, não era uma opção. A minha maturidade se limtava a ter empre uma boa desculpa como "preciso ir. Estou tão cansada! Nem tive tempo de tomar um banho antes de vir para cá". Pronto. Em caso de pane, a saída de emergência abrirá automaticamente.

Cheguei lá às 21h, depois de comprar uma garrafa de Grey Goose de presente. Entrei na cobertura. Uma mesa de frios, sanduíches e petiscos estava convidativa, mas eu mal conseguiachegar perto. Um enjoo me atacava.

Procurando por Pedro, deparei-me com o João. Nos cumprimentamos corados e trocávamos frases prontas quando Pedro apareceu.

- Oi, Pedro. Parabéns. Trouxe para você.

Virei de costas sem ouvir resposta. Me dirigi ao bar e virei um copo qualquer. Ele veio atrás.

- Fernanda, obrigado. Minha vodka preferida.

- De nada.

- Quanto tempo... Você está bonita. - disse, seco, contendo-se ao máximo.

- De onde você conhece o João?

- Ele está trabalhando comigo. Entrou há´pouco tempo. Por quê?

- Nada. Nada. Besteira, nada... - nervoooosa.

Ele percebeu. Estava estampado na minha testa.

- Quando foi, Fernanda? Fala logo.

- A gente não tinha mais nada. E você nem conhecia ele ainda. Relaxa.

- Relaxa???? -ele ria sem graça, não ria, ria sem graça, não ria...

- Nem foi nada demais...

Ele saiu e me deixou ali, sozinha. Virei mais um copo. De longe ele ficava me encarando, como se a conversa dele estivesse animadíssima. Fingia risos pateticamente.
Desorientada, fui para a varanda tomar um ar. Olhei no relógio. Eram nove e vinte. Em tão pouco tempo eu já tinha sido capaz de fazer muito.

- Fernanda?

- Guiherme! - alívio!

- Sozinha aqui fora, por quê?

- Eu sabia que não deveria vir hoje.

- Ahn?

- O Pedro tá irritado. Eu tive um caso com o João. Ele descobriu e se irritou.

- Mas, como? Quando?

- Ai, Gui... Que diferença faz? Você sabe como é o Pedro. Desconfia de tudo e depois quer voltar atrás. Pede desculpas e acha que tá tudo bem. Não entendo. Ele que terminou comigo. Ele que me humlhou e pediu que eu não procurasse mais por ele. Por que você me convidou, hein? Nem sei como eu ainda...

- Mas o Pedro também...

O Pedro entrou na varanda. Abaixei a cabeça.

- A campainha tá tocando - Guilerme saiu.

- Pedro

- Fernanda, eu...

Ele se aproximou e eu recuei. O que diabos ele quer? Um felizes para sempre? Depois de tudo?

- Fernanda, eu t...

Ele não conseguia verbalizar. Não saía. Eu queria ouvir que ele ainda sente o mesmo, que tá arrependido de muito. Queria provar que todos os clichês fazem sentido.

- Desculpa. Eu ainda... Você? Eu, ainda.

E clou-se. Fechou a boca, olhou para baixo, apertou os olhos. Eu adorava quando ele apertava os olhos daquele jeito. Parecia que quando os abrisse novamente, tudo ao redor desapareceria e seria só nós. Nós e aquele sorriso. E o meu sorriso.
Mas dessa vez, não. Abriu os olhos, olhou nos meus e calou-se de novo. Calou-se repetidas vezes, mesmo em um silêncio contínuo, conseguia calar-se em múltiplos.

Ainda encarei por um tempo os seus olhos. E, nada.
Peguei minha bolsa atrás de mim. Olhei nos olhos dele. Lá no fundo.

- Preciso ir. Estou tão cansada! Nem tive tempo de tomar um banho antes de vir para cá. - consegui exprimir.

No caminho, empalmei uns sanduíches, chamei o elevador e bati a porta. Fim.

sexta-feira, 27 de março de 2009

A decisão

Passados horas, dias, noites e insônias. A inquietude, a ansiedade, inerentes à sua personalidade estavam em maior vigor desde a proposta. O pedido causou uma agitação não esperada.

Caminhou sozinha. Andou por novos espaços. Provou sorvetes diferentes.
Duvidou da prórpia maturidade.

...

Ele havia viajado a trabalho por uma semana. Quando retornou à casa, cheio de saudades e de calor, buscou correndo ela pelos cômodos.

Ela não estava. Poderia ter ido ao super mercado, à academia, ou qualquer outra rotina. Pegou suas malas na porta e viu o bilhete ainda exalando a tinta da caneta.

"Temo. E é por amar demais que desfaleço. Por não compreender limites e por não ter um pingo de razão. Sei que não é boa hora. Mas ainda que seja melhor do que tarde. Não cabe em mim tanto sentimento. E é preciso largar-te a imaginar a hipótese de um dia perder-te. Vida longa."

Caiu ao chão e viu a aliança sobre a cômoda.

O pedido

Ele nunca havia entendido o motivo, até aquela manhã. Ao sair de seu sobrado para tomar o café-da-manhã não imaginava que iria desvendar o mistério de sua vida. Anos atrás, quando ainda namorava com ela, teve em um curto período a maior alegria e a maior tristeza que um coração pode aguentar.

Tudo porque ele era loucamente apaixonado por ela. E um dia, no relacionamento estável e nada rotineiro que tinha, teve a certeza. Saiu pelas ruas e entrou na joalheria mais bonita que conhecia. Não poderia ser mais ou menos. Tinha que ser tudo perfeito! Assim como sua amada era para ele.

Dias após, pela manhã, acordou antes que ela. Pensou em todos os detalhes: uma bandeija bonita, em madeira bruta, sustentava a refeição preferida dela. Umas flores coloridas adornavam os entornos da porcelana. Ela ia adorar! Tinha certeza.

Acordou-a, então, e propiciou o momento mais romântico da vida dos dois. Pediu-a em casamento com um discurso tão clichê que não haveria ninguém no mundo a critica-lo. Ela, emocionada, aceitou com um "sim" sem dramas. Direta, ansiosa, desesperada, apaixonada.
Começava o primeiro dia do felizes para sempre.

Nem em um

Às sempre eu me pego pensando em "um dia ainda..."...
Fantasio um monte de coisas, nomes, lugares e tempos.
Lembro de registrar os momentos que nem aconteceram.
Pra ver se, de repente, vira verdade.

E então eu percebo cores, sons e luzes.
Imagino sabores, medos e desejos.
Escolho a roupa, os brincos e penso no beijo.

Mas tem vezes que funciona a intuição.
Quando percebo já derramei uns versos
Já esqueci de travar a emoção.
E esqueço, principalmente, que sentir nem sempre faz bem.
Que sempre há uma exceção.
Mas que nunca deve haver a submissão.

E que a rejeição
Seja apenas engrenagem de um
Que não tem movimento,
Ou tem obverdose de razão
Quando na vida tem horas
Que o certo é apenas dar a mão.

Errar é humano

Se errar é humano
E eu perdoo,
Será que sou humana?

Se errar é humano
E eu perdoo,
Perdoar também é humano?

Se errar é humano
E eu perdoo,
É possível errar mais de uma vez?

Se errar é humano
E eu perdoo,
É possível perdoar mais de uma vez?

Se errar é tão humano
Quanto eu perdoo,
Erro a absolvição?

Se errar é tão humano
Que perdoo sempre
Mesmo sem saber se erro.

terça-feira, 24 de março de 2009

Até quanto

Eu sabia: dessa vez seria diferente. Dessa vez eu não enfiaria os pés pelas mãos. Eu cederia minhas mãos a tudo. Eu tinha certeza. Eu conseguiria. Não seria igual a nada na vida. Poderia até não ser como em outras vezes, mas era esse porém que me dava ainda mais vontade de contiuar. Eu iria fazer diferente.
Em outros planos, eu faria de tudo. Não meçaria o limite. Não diria menos do que a vontade. Não perderia a lua das mãos.
Não. Dessa vez não.

E foi então o que fiz. Não fui além quando achei que não deveria. Não segurei até sangrar meus dedos. Não corri mais do que meu fôlego aguentaria. Me afastei em horas mais até do que queria. Li nos folhetins e imitei o que os oráculos me diziam. Escutei amigos, amantes e a família.
Escrevi menos poesia. Ignorei um pouco a nostalgia.

Hoje, bem lá no fundo, de nada adiantou tanta teoria. Descobri, em meio a tanta melancolia, o que nesse mundo ninguém gostaria: às vezes é como um encanto e sua magia.
E não existe fórmula para o até quanto.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Mais uma tarde na UFRJ

Que orgulho! Estudar na UFRJ! A antiga Universidade do Brasil!
Mesmo quando resolvi voltar à estaca zero, após me formar em Publicidade na PUC, pensei que poderia aprender muitas coisas novas. Cursar Letras numa das maiores faculdades do país e ainda por cima de graça (!) parecia um sonho! O fato é que, cursar, propriamente dito, não tem sido o melhor verbo para definir o que eu faço por aqui.

Após duas semanas de aula, vim para o Fundão - aliás, nome excelente para especificar o que se passa por aqui, que explico depois. Este período já começou e eu ainda me encontro na aparente impossível tarefa de descobrir qual é a minha sala de aula de minha única matéria (porque o SIGA - sistema online para matrículas etc - só me deixou inscrever-me em uma). Então, cá estou à toa no Fundão. O meu prédio nem é lá tãão grande, mas é que a organização é uma palavra que não existe por aqui. Provável que tenha sido retirada do vocabulário. Será que foi o acordo ortográfico?

Meus professores diriam que isso não tem nada a ver. Mas eu não sei onde eles estão pra ter essa certeza.

A única certeza que eu tenho é que neste terreno longíquo e semi-baldio, de clima único e não-encontrado em nenhum outro lugar e de ventilação fétida da super Baía de Guanabara, realmente aprendi algo útil.

Em 2 semanas eu aprendi a suportar a condição física daqui, de corpos suados no verão, outono e primavera, aprendi a pagar o valor de R$3,00 por uma latinha semi-quente de coca-cola light e a ter tolerância, MUITA tolerância.

Em 3 semanas anda me encontro no trabalho de detetive tentando investigar a minha sala e rastrear meu professor, que eu nunca vi na vida. Já fiz até um retrato falado.
Enquanto cada departamento (para ser bem burocrático tem que ter vááários! E aqui tem um bando!) dá a sua versão para o paradeiro da minha aula, aguardo sentada ao lado da Pretinha - vira-lata-mascote - escrevendo uns rabiscos como este.

Pois, enquanto o Sr Pai de Todos Google não me ajuda, me resta sentar e assitir os dias virarem noites nesta terra de ninguém.

terça-feira, 17 de março de 2009

Roupa branca

Eu espero esse dia
Como explicação para a dor
Em um silêncio de roupa branca.
Enquanto visto minhas artimanhas
Na ansiedade de ainda ver
Em outro hemisfério o sol se pôr.

Galhos

Onde vai parar essa fuga?
Tudo escapa como vento das mãos.
Será que tentei agarrar o erro,
Ou foi apenas mais uma luta
Que terminou em vão?

Já nem poetiso como antes
Quando o medo era menor que a razão.
Perdi toda a consciência
E fingi ser dura labuta
Um sonho fadado à ilusão.

De tantos em muitos galhos,
Procurei encontrar uma posição
Onde desse para observar tudo
E, das alturas, não correr o risco
De, de repente, cair de cara no chão.

Enquanto isso, brinco com rimas.

terça-feira, 10 de março de 2009

Tempo

Quando olhou para o relógio, se deu conta. Ainda precisaria esperar muito. Nem contou os minutos para que sua agonia não ficasse mais expressiva. A sua hora iria chegar, ele sabia. Mas a vontade era tanta que tinha até medo do que poderia acontecer. Colocou os fones nos ouvidos e buscou uma estação qualquer. Apenas umas músicas azuis, uns falatórios de quem não tem o que dizer e uma reportagem sobre um acidente de trânsito.

Nevava pela primeira vez em 63 anos. Ele, com 29, não tinha tido ainda o desprazer de um inverno como aquele. No frio, sua espera tornava-se mais insuportável e, mesmo de ceroulas e luvas, não conseguia conservar o seu calor em seu corpo. Até porque, o pouco que tinha estava concentrado por seus sentimentos.

Mais cedo, naquele dia, pensou sobre sua vida. Faria 30 anos em breve e não queria transportar para a nova casa decimal os receios de sua juventude.

Tateou os blosos à procura e encontrou um único charuto. Puxou e acendeu como quem pede calma à paciência. Tudo estava por vir.

O entardecer previa que a noite adormeceria mais cedo. Ele, ainda sem coragem para consultar o relógio outra vez, sentou-se na calçada seca mais próxima. Subiu três degraus e achou-se na entrada do centro cultural. Dali ele poderia ver o momento chegar.

A cidade parecia parada. Aquele clima não lhe pertencia. Era como se um intruso, um vírus, um niño tivesse se instalado sem pedir licença e sentado ao seu lado.

Um tempo depois ouviu um barulhos. Na sua calçada já havia um homem e um grupo de amigos animados. O homem levantou-se e partiu. Deviaele partir também e desistir da espera? Aquele frio o expulsava. Mas como poderia abandona sua maior expectativa?

E então, no meio de seu devaneio, ouviu uma vozlhe chamar. Apagou o charuto, levantou-se e partiu. Sem mais esperar.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Obsessão

Era sua última flha do caderno. Se não conseguisse exprimir tudo o que sentia naquelas pautas, nunca mais teria outra oportnidade. O grafite quebrava a toda hora, tamanha era a força de seus movimentos. Aquilo nunca lhe acontecia.

Escritor desde os 22 anos, ele agora com 47 parecia ter esquecido como era escrever. Tentou lembrar-se de clichês, de Shakespeare ou de qualquer filme bobo para garotas. Não. Suas idéias não vinham. Ele realmente estava diferente.
Quando se apaixonou, dessa vez por uma ninfeta de 18 anos, não tinha imaginado que seria tão difícil mantê-la sob seus braços.

Olhou para seus músculos. Talvez fossem o motivo dela. Já não eramais garoto e, apesar de ter mantido a vaidade por todos esses anos, sabia: não era páreo para as novas concorrências. Ela estava traindo-o. Estava convicto, certo, de suas especulações.

Tomado por um ciúmes incontrolável, ele fez um papel ridículo logo no primeiro churrasco da faculdade de engenharia, à qual ela havia recém ingressado. Aquele monte de jovens bêbados tentava se aproximar de sua morena como cachorro atrás de frango. No som, tocava um desses "proibidões" do funk e todos rebolavam até o chão como se fosse uma dança de acasalamento. Puxou-a com raiva de dentro da roda e ouvi-se um coro confuso de indignação. Morena, mais bêbada do que ele jamais havia visto, nem se dava conta do assédio.

- O que você tá fazendo, Morena?

- Me larga! VocÊ tá me machucando!

Uma discussão calorosa tomou conta da festa. Barraco digno de novela das oito com a Suzana Vieira. O vermelho tomava os rostos dos dois enquanto a obsessão extravasava da razão. Ele só parou de gritar com ela quando ouviu um qualquer:

- Ô, tio! Não precisa gritar assim. Tá todo mundo se comportando aqui!

Mal ouviu a interrupção e já saiu voando pra cima do garoto. Nem percebeu que morena tentava intervir.

Pow. O nariz de morena sangrava. Suor e sangue numa pintura poética de um desastre que ele nem tivera tempo para prever.
O mais forte da trupe ameaçou revidar, mas foi segurado por outros. O "tio" saiu dali ainda ouvindo o choro de morena. Sem ter aonde ir, no entanto, sentou-se do outro lado da rua, na calçada, à espera de poder ao menos pronunciar um pedido de desculpas. Envergonhado, nem o havia feito.

Foram os 5 minutos mais longos de sua vida. Morena desceu acompanhada por um casal e não lhe dirigiu nada além de um olhar de fúria e reprovação. Ela também se sentia humilhada.

Dias depois, quando tentava se redimir e após gastar 97 folhas do "caderno pautado - uma matéria - 98 folhas brancas" em vão, entendeu. Com a mão ainda inchada pelo incidente, sabia que não haveura mais volta. Ela também deveria estar inchada. Rasgou a última folha em branco e enfiou a mão num balde de gelo.

quarta-feira, 4 de março de 2009

O jovem e a lagoa

Levantou às 5h da manhã. Não era preciso acordar mais cedo. Morava à beira de seu sustento.
Requentou o café da noite anterior. Não tinha muitas frescuras. Da geladeira, pegou um sanduíche e uma maçã, além de uma garrafa d'água.

Os dias não tem sido bons. Na época de seus pais, a fartura não era excessão. Agora, se conseguisse um peixe para o jantar já se davapor satisfeito.

Às 6h, seu companheiro chegou de barco à sua casa. Havia meses que o seu estava quebrado. Mas, sem uma boa pescaria, por enquanto tinha apenas metade do dinheiro necessário para consertá-lo.

Colocou suas coisas no barco, pegou as iscas, enterrou-as no isopor repleto de gelo. Seu amigo haia deixado tudo preparado, pensou.
Umas poucas remadas e eles já estavam longe de casa.

Aquela lagoa lhe parecia maior. Mas, hoje, talvez, pela quantidade de poeira elixo, ou apenas pela recordação infantil, havia menos água por ali. Remaram um pouco mais. De um lado, um, e do outro, o outro, esticaram a rede, tantas vezes remendada, e lançaram-na. Como em uma dança, em um teatro mímico, nenhuma palavra foi proferida. Olharam juntos para o afundar das cordas, contaam o tempo em silêncio:

"1, 2, 3, 4, 5"

Puxaram a rede para a superfície. Umas algas de água doce presas à trama nem lhes enganaram. Nenhum peixe. De costume.

Retiraram-nas e lançaram a rede novamente à submersão.

...
A manhã foi passando nesse tão usual exercício. E a inexistência de resultados às vezes o fazia crer que o ofício de pescador era coisa do passado. Assim como outras profissões haviam sido extintas, os pescadores, e os peixes da lagoa, também estavam.
Passav das 12h quando decidiram almoçar. Ancoraram o pequeno barco sob uma árvore e comeram suas provisões. Lembrou-se do tempo de seu pais, quando comia peixes frescos, recém assados sob aquela mesma sombra.
- É... Os tempos eram bons... - disse o amigo, assustando-o com a sua telepatia inesperada.
Percebeu-se outra vez espantado. Seus olhos estavam cheios d'água. Mais água do que jamais lhe caíra antes.
Telepatia era outra coisa que não havia por ali.
Enxugou o rosto com vergonha e engoliu o que restava de comida em suas mãos.
Pescar era um trabalho para os fortes, os pacientes. Os saudosistas?! Esses é que ficassem à beira contemplando uma lagoa que brilhara sob o sol de outras tardes.
Enquanto o sol se punha, os remadores treinavam, corredores se aglomeravam na ciclovia e ele e seu amigo lançavam a rede em uma nova tentativa.
O mesmo efeito para o mesmo ritual.
E, então, ao fnal de uma jornada de poucos metros cúbicos e muito silêncio, percebeu que nem todos os dias lhe trazem peixes. Retornaria à sua casa.
Ao amigo, agradeceu pela companhia sem expressar som. Nada mais era necessário dizer essa noite.
Amanhã, quem sabe, a maré encherá a lagoa. E os peixes, talvez, venham banhar-se em sua rede.

Efemeridades da vaidade - A viagem

Ele chegou em casa e a encontrou na cozinha.

- Eu tava pensando sobre o qe você me disse ontem. E, sei lá...Você deveria viajar... Sair por aí... Sei lá, ir pra Espanha...

Quando disse isso, mal ele sabia que esse era o destino dela.

- Mas, e a gente?

- A gente, ué... Sei lá.. O que tem a gente?

- Ué... Eu também não sei. A sugestã foi sua.

Ela jogou toda a culpa de uma suposta crise na relação por causa da sugestão dele. No entanto, com a passagem comprada havia dois meses, a dúvida não era sobre o que seria deles, mas sim o que seria dela quando tivesse que voltar à realidade.

- Olha... Eu quero ser compreensivo. Você vive reclamando que eu não entendo os seus problemas. Pois, então! Vá viajar, ver o mundo! Novas experiências vão te ajudar.

- É que... Sei lá, sabe!

- Não...não sei, não! Você tá com medo do quê?

- Eu? Só to insegura... Só isso...

Quando comprou a passagem, ela sabia que haveria consequências. Tanto as boas, quanto as más. E agora, cara a cara com o momento menos aguardado do século, já não sabia mais de nada. Seria a sugestão dele uma maneira educada de dizer "ei, não te quero mais!"?

- Insegura com o que?

- Sei lá...Você vira do nada e me manda ir pra Espanha assim, sem mais nem menos!

- Mas, meu amor, você sabe qe eu não posso viajar com você... E, além do mais, você sempre diz que para ser uma escritora tem que gostar de sua própria solidão. Nada mais justo você

- Nada mais justo, o que? Eu passar um ano sozinhaem Barcelona? E deixar você aqui, pra ir passar um Canaval de 365 dias sabe deus onde?

Ela adorava virar o jogo. Se livrar da culpa por decidido algo que não saberia se seria capaz de arcar. Era uma mania egocêntrica. Ou talvez apenas inconsequente. Sem tremas.

- Você me tira do sério.

- Se você quer acabar comigo, vira e fala logo de uma vez! Que aí eu vou mesmo pra Espanha enquanto vcê vai pra

- Cuidado! Cuidado cm o que você vai me falar... Já discutimos isso antes!

- Por que? Você vai gritar comigo? Vai me bater?

- Não. Mas pode ser o fim.

- Tá vendo!! Depois eu é que sou estressada! Ou como você prefere dizer, NEURÓTICA! Se queria acabar comigo, tá conseguindo. Porque eu é que não vou mais tolerar isso!

- Isso?! Um cara que pense no que é mehor pra você mesmo que não seja melhor pra si mesmo?

- Eu simplesmente a-d-o-r-o quando você se faz de bom samaritano!

- Debochada.

- Xinga, vai! Pooooode xinga! Porque no fundo essa sua atitude de hoje só mostra o tipo de homem que e NÃO levaria comigo pra Espanha!

- Você fala até como se já tivesse decidido ir.

- Pois fique sabendo que eu já decidi, sim! E muito antes de ter que participar dessa crônica em tempo rea!

- Você é

- Fala! Engoliu a língua?

Ela respira. Ele respira. Os dois bufam. Em silêncio. Ele abre a boca, mas não fala. Abre de novo. Toma coragem e continua:

- Hunpf, amor. Amôor...

- Que é?

- Eu não quero que você pra Espanha... Eu só estava tendando ajudar. Você sabe que você é a mulher da minha vida.

- Tarde demais.

Ela sai enfurecida, mas um tanto quanto feliz. Fora da cozinha, na sala, suas malas a aguardavam.
O interfone toca e ele atende.

- Sr. Alfredo, já posso subir pra pegar as malas? O taxi tá aqui embaixo.

- Taxi?

Alfredo chuta a porta da cozinha e vê, na sala, apenas um lenço branco no chão.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Futebol, trabalho e sexo

- Pronto! Falei!

- Você teve o que???? Repete o que você me disse!

- Por quê? Só porque eu tive esse sonho e... Agora você se importa comigo?

- Já vai começar a chantagem emocional?

- Meu benzinho, você já está alterado e está dizendo que eu é que to fazendo algum tipo de drama??

- Você e a sua ironia poderiam ir juntas pra...

- Pra eternidade do meu sonho! Aliás, ia ser ótimo! Porque o Deco é uma beleza e...

- Não quero saber os detalhes do seu sexo selvagem imaginário com o meu melhor amigo!

- Mas querido! É só um sonho! Você está dando muito importância para uma besteira dessas...

Ela faz uma breve pausa e continua.

- Ainda mais você...

- Não entendi... O que você está insinuando?

- Ué! Na hora de imaginar sua mulherzinha linda na cama, você demonstra afeto, ciúmes, raiva, virilidade!! Uuuui! Mas, engraçado... Essa semana eu estava de cama, doente, e quando eu te liguei você nem perguntou "Está melhor?"...

- Eu estava viajando a trabalho. Você sabe disso. Vamos ter que voltar a essa discussão?

- Não. Vamos até mudar de assunto. Você sabe os resultados dos jogos de domingo?

- Botafogo e Flamengo empataram... O Fluminense goleu. O Vasco que se dane e o resto, é o resto né. Heheh

- É...o resto é o resto, seu filho da mãe!!!

Ela bate nele com muita raiva, apesar da força quase inexistente.

- Que é que foi? Que é isso?

- Tá vendo! Tá vendo! Você não liga a mínima! Os jogos, a tabela do brasileirão, você sabe de cor!

- Taça Guanabara...

- Anh??

- Não é brasileirão é a taça guanab...

- Você só pode estar brincando comigo! E ainda reclama quando sonho com os outros! Lógico! Com um namorado de 30 anos que ao invés de aproveitar a... Aproveitar a disposição que ainda tem, o vigor, não! Prefere ligar pros amigos, tomar cerveja e assistir a jogo de futebol! Eu aposto que com o Deco o esporte seria outro...

- Você não se atreva, hein!

- Só estou expondo meus sentimentos. Coisa, aliás, que você deveria fazer tamb´me. Lembra o que aquela terapeuta falou?

- Terapeuta! Você acha mesmo que eu ouvi alguma coisa que aquela louca disse?

- Você tinha que ser engenheiro, né?!

- Você tá maluca? O que isso tem a ver??

- Hum...maluca...peraí...

Ela pega um caderninho na cômoda, abre uma página já marcada e anota mais um palitinho ao lado de "maluca".

- O que você tá fazendo?

- Estou anotando suas atitudes. Até o momento já foram 47, lógico que só nesse mês, as vezes que você me chamou de maluca.

- Renata, você tá...você tá...sabe o que é que você está?!

- Meu lindo, quando a gente já nem sabe mais do que chamar o outro, é batata: é porque estamos assumindo que erramos! Relaxa. Tudo vai ficar bem agora. Vou cuidar de você. Olha...

- Bem? Nada vai ficar bem! Você transou com o Deco!

- Ih, meu deus! Depois eu que sou louca! Foi só um sonho!

- Renata... Renata...

- Amorzinho, eu preciso ir agora.

- Peraí! Agora que você começou a dr, termina!

- Ahhhi! Tudo bem! Faz o seguinte. Eu vou passar uns dias fora. Você liga pra terapeuta, agenda um horário com ela e me liga quando estiver bem, ta?! Cuidar de maluco não é coisa pra mim...

- Renata!

- Tchau, lindinho! Ah! Tem comida na geladeira!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Verde

Desconfiei quando, em tom de piada, ele enganou:

- Não tenho podres...

Expira

A frase saiu da boca dele naturalmente:

- Não sou homem de ameaças...




Sendo assim, já não sei o que vivi nos últimos meses...

Após

E em certas escolhas é que se percebe o poder da dor da covardia.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Viagem

Ele me perguntou quando.
Eu apenas respondi que não tínhamos tempo.

- Cada minuto é precioso, meu bem.

Me pareceu um pouco ansioso, mas nada que umas boas doses não curassem.
Chegando ao aeroporto, eu já nem sabia mais para onde estava indo. Apenas queria decolar e sentir que o frio na barriga não tinha vindo do meu coração.

Comprei uns chicletes na loja do saguão. De entupido, bastava o intestino.

- Última chamada para o vôo 1937 com destino a...

Era esse o vôo que eu ia pegar. Nem bem a voz metálica terminou anunciação e eu começava a sentir o arrependimento consumir meu cérebro aos poucos. Às vezes, muitas, desconfio da genialidade da razão.
Acendi um incenso na fila de embarque e enquanto ainda esperava o fogo cessar e o cheiro me acalmar, uma mão tocou meu ombro.

- Oi - uma voz masculino pronunciou.

Gelei. Será que é ele?

Virei furtivamente. Na verdade, tremia tanto que, à vingança da minha razão, minhas pernas se mexeram sem a minha ordem.

- A Sra vai ter que apagar seu incenso. Aqui é proibido.

Até pensei em argumentar que a proibição é ao cigarro e não à minha inocente fumaça - que, aliás, era bem melhor do que o acre odor de um dos senhores à minha frente.
Mas eu não estava em codição para argumentar.
Poderia acabar desabando em um choro profundo.
OK. Enfiei o incenso num gole da coca sem gás que eu segurava há horas só para manter minhas mãos ocupadas. Tsss.

Inspirei o máximo da fumaça que ainda subia pela garrafa.

Minha poltrona era a da saída de emergência. Uma alegria que eu teria aquele dia seria o prazer de viajar com as pernas esticadas.
Antes de desligar meu celular e outras bugigangas tecnológicas, ouvi o barulhinho:

- Plim!

A mensagem era dele.

"Quantos minutos ainda temos juntos?"

Foi só o tempo de pensar na resposta e lá veio a comissária de bordo:

- A Sra vai ter que desligar seu celular. Aqui é proibido.

Ela estava certa. Ele ficaria sem a minha resposta.
O avião decolava.

Horas de vôo após, acordei com a luz do sol. Provavelmente já estávamos algumas horas para trás.
Levantei e fui ao banheiro. Um pouco de água no rosto para recuperar a consciência.
Ao sair dali, no entanto, olhando ao redor, constatei que estava sozinha no boeing.
Quantas vodkas eu havia tomado aquele dia?
Hum... Mas não bebo vodka...

Perguntei à aeromoça:

- Que horas são?

- Em qual fuso horário?

- Não entendi... Eu embarquei em um vôo doméstico...

Ela apenas riu e saiu pelo avião. Acho que não sabe o que é uma piada de verdade...
Segui-a com o olhar e me aliviei. Eu ainda não havia enlouquecido. Outras passageiros, poucos, espalhavam-se pelo avião.

- Srs passageiros. Estamos pousando no aeroporto de...

- Repete!! Capitão!! Não entendi! - minha voz não saía.

Em solo. Desconhecido. Já posso afrouxar meu cinto?

Esteira, esteira, esteira, esteira...
Mala no carrinho. Fui guiando até a saída.

Ele estava lá.
Meu deus!
Ele estava lá!!
Euforica, gritei seu nome.
Repetidas vezes!
Mas ele não me ouviu. Onde tinha ido parar a minha voz?
Gritei o mais alto que pude. Tão alto que gases saíram por onde não deviam àquela hora.
Ele nem titubeou. Percebi que embarcava no vôo contrário.
E foi então que olhei para o relógio central.
Eu havia voltado cinco meses no tempo. Olhei ao redor e ele já não estava mais lá.
Havia sido tudo uma ilusão. Mas eu... Não acordara a tempo.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Importa

Por um milhão de motivos.
Por razões nada racionais.
Por paixão sem sentido.
Eu repito:
Que a única virtude que resta
É pensar que nessa fresta
Há um tanto quanto quase,
Do pouco um muito de tudo.