terça-feira, 15 de julho de 2008

Há dois anos, uma carta de amor

Eu estava lá. Você também.
Eu não te conhecia, mas sabia que era você.
Caminhei segura até o bar e te vi do outro lado do balcão, pedindo um drink.
Fingi não te ver. Foi difícil. Mas não podia transparescer que havia perdido o chão.
Você me olhou e me percebeu.
A insegurança tomou conta de mim. E senti quando meu corpo tremeu, ensandecido de ansiedade.
O garçom já me perguntava pela milésima vez o que eu queria beber.
Sorri, sem graça, e pedi o mesmo que vocÊ.

Sugava o canudo com força, desespero. Certa de que o momento estava por vir.
Mas respirei fundo e relaxei. Já recobrava a calmaria do meu ser quando vireir de costas e vi...você.
O turbilhão voltou forte e minha única certeza era a de que eu precisava sair dali, fugir.
E, quando eu já estava em meu caminho, você sem compreender, me puxou pela mão e me pegou. Você me segurava a um palmo de distância.
Eu olhei pra você e sorri, tremi, estremeci, me perdi, mas sorri.

E só então eu senti o fim de toda aquela dor.

Fevereiro

Não sei qual a graça
Mas sei que alguma ele tem.
Toda vez em que vem, me abraça.
Sem desdém.
Sem pensar em praça
Ou em outro alguém.
Ele apenas....
Vem.
E quando vejo
Percebo:
Sem esse me quer bem,
Talvez eu nunca pudesse me ser.

Pressa

Entusiasmo poético
Como se as pernas não dessem
Pra atingir tão rápido.
Por mais que corra
E da maneira mais linda possível
O alcance é curto.
A bossa, no entanto, é inexprimível.

À Lagoa

Retorno ao ponto de partida
Eu, que julgava ser sem saída
Percebo que às vezes,
Mesmo que só um pouco
Ainda há um resquício de vida.

Não foi por acaso que refiz o quadro
Já tinha dado por acabado o trato
Mas aí lembrei que nem sempre
Até quando todos tentam
A esperança se esvai de fato.