segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Mais uma partida

Às vezes parece brincadeira
Um jogo que uma hora vai acabar
Entre duas crianças.
Como se fosse apenas por um momento
E até sem importância real.
Como quando a Barbie beija o Ken
Ou quando o Coronel Mostarda mata a facadas na sala de estar.
Eu achei que era assim.
Como uma partida de tabuleiro
Em uma brincadeira de criança.
E agora percebo que a partida é outra
Que de criança apenas é o choro e a sensação de estar perdida sem tudo isso.
Eu sei que joguei errado
Não lancei os dados
E que acabei pulando rodada e queimando largada.
Mas assim como no jogo
Às vezes da pra começar de novo
Sem passar por cima de nada.

Quero ser sua namorada.

Ausência

Está faltando a poesia.
A saudade em letras miúdas
Em ritmos curtos
E cânticos de alegria.

Está faltando meu prato
A fome avassaladora
Que não suporta distância
Que não se promete em contrato.

Está faltando demais
Um pouco de tudo que não tenho
Que tive em tempo breve
Que ainda me dava certa paz.

Está faltando felicidade
Mesmo que em poucos versos
Ainda que com letras miúdas.

Está faltando dizer a verdade
Que às vezes não me falta nada
Mas que ainda isso não é tudo.

Afogada

Estou oca
Como se uma enchente houvesse levado tudo
sem avisar
Lambeu toda a mobília
E não deixou nada por inteiro.
Me sinto molhada
Com a umidade desmanchando meu corpo
...dedos enrugados de quem tentou mergulhar pra salvar algum destroço.