segunda-feira, 20 de julho de 2009

Musos

Narcisista.
Pela vaidade de se ver descrito
Pela vontade da atenção,
Meus musos viram atores
Sem nenhuma direção.
Decidem atos, dramas e risos
Que minha loucura roteiriza
No teatro da obsessão
Em versos que não reconheço a autoria.

Depois de tudo

Cheguei atrasada na faculdade.
Mandei mensagem dia sim, outro também.
Liguei de casa.
Liguei da rua.
De manhã, de tarde e de madrugada.
Não pensei em mais ninguém.

Investi o que gasto por ano em roupas.
Fiz ligações de longuíssima distância.
Chorei sozinha.
Chorei com amigos.
No primeiro, no último e neste mês.
Não passou nem um pouco a ânsia.

Senti ciúmes como nunca antes.
Tentei ignorar essa obsessão.
Fiquei com outros.
Fiquei à toa.
Perdi a conta e a vontade e sobrou a dor.
Não estive acordada nessa ilusão.

A única pergunta que me resta
Após tantos sentidos diferentes
É se mesmo com toda minha mazela
Você sente alguma coisa por ela.

Dia do amigo

A idade está pesando. Sei que ainda no começo dos meus 20 e poucos anos, dizer que a idade pesa é uma hipérbole personificada de uma sensação um tanto quanto recente. Mas o que importa de fato, é que refleti esses dias sobre os meus amigos.
Dei-me conta que sinto cada vez menos necessidade de alguns chamados amigos. Já não fazem muita diferença se os vejo. Gosto deles, quero que sejam felizes. Mas meço meus esforços para encontrá-los.
Enquanto por outros, a amizade já não é mais o que era anos antes. Esses outros são vocês. Vocês não são meus amigos, somente. Fazem parte de uma história muito maior do que isso.

Eu não posso pensar em quem eu sou sem levar em consideração a mongolice peculiar de cada um, as testas tilintantes de outros, as piadas ruins, os risos perturbadores, as revelações bombásticas e os abraços reconfortantes.
Aliás, descobri hoje lendo o dicionário que a palavra “testo” significa “firme, enérgico”. Ninguém mais pode reclamar da força do testo-tapa, hein!!

Eu estou ficando uma velha chata. Mal humorada, impaciente e intolerante. E a melhor coisa de todas essas minhas novas qualidades, é que vocês ainda assim me aturam, me suportam, me amam (será?), ou pelo menos fingem pra poder ganhar comida da Dona Regina.

Eu fico p da vida quando penso no tempo em que perdi com outros amigos que nem são tão amigos assim. Só não me arrependo de fato pois sei que se não tivesse conhecido tanta gente sem ética, sem moral e sem nexo, eu não seria capaz de reconhecer o potencial de vocês – apesar de desconfiar do potencial do Marcus de vez em quando...

Hoje, no dia do amigo, eu percebo que eu não precisei escolher amigos. Os que fiz na infância, ali, brincando à toa, são mais do que suficientes para o que eu preciso. Uns poucos raros outros que fiz mais tarde, foi apenas por causa de um atraso no tempo.
Não quero amigos novos. Os meus velhos amigos conseguem ser sempre as minhas novidades mais importantes.

A pé

A diversão acaba mais cedo
De vez em quando por aqui.
Não sei qual o tipo de medo.

A culpa de todos é uma só
E quem a tem sabe o sim.
Não sei desatar o nó.

A alegria parece mentira
Mas há quem finge ter fé.
Não sei aturar minha ira.

Vou-me embora andando.
Os calos protegem o pé.
Mas não sei caminhar sozinha.