sexta-feira, 27 de março de 2009

A decisão

Passados horas, dias, noites e insônias. A inquietude, a ansiedade, inerentes à sua personalidade estavam em maior vigor desde a proposta. O pedido causou uma agitação não esperada.

Caminhou sozinha. Andou por novos espaços. Provou sorvetes diferentes.
Duvidou da prórpia maturidade.

...

Ele havia viajado a trabalho por uma semana. Quando retornou à casa, cheio de saudades e de calor, buscou correndo ela pelos cômodos.

Ela não estava. Poderia ter ido ao super mercado, à academia, ou qualquer outra rotina. Pegou suas malas na porta e viu o bilhete ainda exalando a tinta da caneta.

"Temo. E é por amar demais que desfaleço. Por não compreender limites e por não ter um pingo de razão. Sei que não é boa hora. Mas ainda que seja melhor do que tarde. Não cabe em mim tanto sentimento. E é preciso largar-te a imaginar a hipótese de um dia perder-te. Vida longa."

Caiu ao chão e viu a aliança sobre a cômoda.

O pedido

Ele nunca havia entendido o motivo, até aquela manhã. Ao sair de seu sobrado para tomar o café-da-manhã não imaginava que iria desvendar o mistério de sua vida. Anos atrás, quando ainda namorava com ela, teve em um curto período a maior alegria e a maior tristeza que um coração pode aguentar.

Tudo porque ele era loucamente apaixonado por ela. E um dia, no relacionamento estável e nada rotineiro que tinha, teve a certeza. Saiu pelas ruas e entrou na joalheria mais bonita que conhecia. Não poderia ser mais ou menos. Tinha que ser tudo perfeito! Assim como sua amada era para ele.

Dias após, pela manhã, acordou antes que ela. Pensou em todos os detalhes: uma bandeija bonita, em madeira bruta, sustentava a refeição preferida dela. Umas flores coloridas adornavam os entornos da porcelana. Ela ia adorar! Tinha certeza.

Acordou-a, então, e propiciou o momento mais romântico da vida dos dois. Pediu-a em casamento com um discurso tão clichê que não haveria ninguém no mundo a critica-lo. Ela, emocionada, aceitou com um "sim" sem dramas. Direta, ansiosa, desesperada, apaixonada.
Começava o primeiro dia do felizes para sempre.

Nem em um

Às sempre eu me pego pensando em "um dia ainda..."...
Fantasio um monte de coisas, nomes, lugares e tempos.
Lembro de registrar os momentos que nem aconteceram.
Pra ver se, de repente, vira verdade.

E então eu percebo cores, sons e luzes.
Imagino sabores, medos e desejos.
Escolho a roupa, os brincos e penso no beijo.

Mas tem vezes que funciona a intuição.
Quando percebo já derramei uns versos
Já esqueci de travar a emoção.
E esqueço, principalmente, que sentir nem sempre faz bem.
Que sempre há uma exceção.
Mas que nunca deve haver a submissão.

E que a rejeição
Seja apenas engrenagem de um
Que não tem movimento,
Ou tem obverdose de razão
Quando na vida tem horas
Que o certo é apenas dar a mão.

Errar é humano

Se errar é humano
E eu perdoo,
Será que sou humana?

Se errar é humano
E eu perdoo,
Perdoar também é humano?

Se errar é humano
E eu perdoo,
É possível errar mais de uma vez?

Se errar é humano
E eu perdoo,
É possível perdoar mais de uma vez?

Se errar é tão humano
Quanto eu perdoo,
Erro a absolvição?

Se errar é tão humano
Que perdoo sempre
Mesmo sem saber se erro.