quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

2016 - 2

Saí do meu emprego.
Saí da casa dos meus pais.
Saí do país.
Senti empolgação.
Senti medo.
Senti frio:
Perdi o certo.
Perdi o mimo.
Perdi o jeito.
Fiquei pobre.
Fiquei dependente.
Fiquei imigrante.
Mudei o texto.
Mudei o eixo.
Mudei a língua.
Ganhei respeito.
Ganhei direito.
Ganhei mesmo.
Tomei coragem.
Tomei atitude.
Tomei novo rumo.

Obrigada 2015 por me permitir tanto.
Que em 2016 eu possa sair, sentir, perder, ficar, mudar, ganhar e tomar ainda mais.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

2016

Frio na barriga. 
Aquela vontade de começar de novo.
Mas eu não tenho nada de novo.
Não quero nada diferente.
Já tenho o meu frio na barriga.
Levo comigo a excitação de fazer
Tudo sempre como a melhor vez.
Ano novo é só um número
O que muda e o que fica
Não tem nada a ver com isso.
Esse ano mais uma vez,
Não quero mudar nada.
Tenho os melhores presentes
Mesmo os tapas na cara
Foram perfeitamente combinados
Pra me deixar com mais vontade
De sentir mais um frio na barriga.
Eu to é muito da agradecida
E louca pra fazer tudo outra vez
Agora com você do meu lado.

domingo, 27 de dezembro de 2015

Muda

Às vezes não sei em espanhol 
Em português também não sei
Não sei verbalizar
Escrever é quase impossível 
É aquilo que eu queria dizer
Mas fiquei só balbuciando 
Atropelando umas sílabas.
Vai ver, deve ser, não sei
Minha língua já esqueceu como é
Ficar longe da sua
E não funciona pra nada,
Me deixou muda.
Pero no me hace falta
Sem você aqui
Não preciso mesmo de saliva
Posso guardar minha voz
Pra te falar depois sem dizer 
O que eu sinto aqui calada.

Miragem

Te miro todo el tiempo
En las fotos
En mi memoria
Por mi cuerpo.
Te miro mismo cuando estás lejos.
Te miro en mi futuro
Te miro en Japón
Te miro dentro de mi.
Quiero mirarte siempre.
Sea donde sea, 
Manco, corriendo o durmiendo 
Te miro para que mis ojos
No puedan parar de mirarte.

Celosa

- no puedes hacer ese viaje

- jajaja. Por qué no?

- no puedes... Es una traición

- vaya! No voy hacer nada

- si viajas, ya lo haces

- como??!

- no voy hacer nada. 

- ... 

- te quiero cada día más, lo sabes

- ... 

- ...

- tengo celos. Del sushi que vas a comer.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Por isso tudo

Talvez porque nós dois pensamos em sushi
Ou porque você tem a coleção do seinfeld
Ou porque você nem deu oi e já saiu mandando um marvin gaye 
Talvez porque você é alto
Isso é óbvio!
Ou porque quando você ri seu olho brilha...
Pode ser porque você é da minha cor, 
porque seu nome combina com o meu.
Deve ser porque você é leve
Quando corre do meu lado 
Quando zoa as séries que vejo.
Porque você é pratico, direto e simples.
Porque você me faz ser mulher
Independente, sexy, prática e emotiva,
ou o que eu quiser.
Deve ser isso.
Deve ser... 
por tudo isso que às vezes 
até paro minha corrida no meio 
Pra te fazer poesia.

sábado, 19 de dezembro de 2015

Mañanas

Te hago huevos por la mañana.
Tal vez ya sea hora del almuerzo
No lo sé. Tu reloj no funciona...
Ah, sí, necesita del sol para eso
Pero no vamos a salir la calle
La calle te roba de mí.
Te lleva a lejos. 
Puedes coger el zumo?
Los huevos están listos
Queréis algo más?
Quédate aquí. No hace falta salir...
Qué hora es mismo? Hum...
No pasa nada. 
Podemos hacer eso mañana.
O cuándo sea... 
Pero no por las mañanas!
Las mañanas son mías
Para acostumbrarme que te vas todos los días. 

Lejos

No sé que me haces
Debes tener una magia 
Algún tipo de encanto
Para dejarme así.
No me olvido de mí 
Exactamente el contrario 
Tengo aún más ganas de serme
Una que nunca he sido.
No sé si lo crees...
Que no quiero estar lejos de ti.
Quiero subir en tu moto
Y vivir lo que nunca lo vi.

Déjame Dos

Quiero que me digas
Porqué me quieres
No por la noche
Eso ya lo sé.
Quiero que me digas
Porqué a mí y no a otra.
Quiero que me digas
Que no puedes ir lejos
Porqué me quieres cerca
Y porque tenemos que ser así.
Quiero que me digas todo
Desde tu color favorito 
Hasta los sueños perdidos.
Quiero ser tu oreja,
Lo me dejas? 

Nueva

Me haces escribir poesía
Ya he escrito otras, lo sé 
Pero no es la misma cosa.
Ahora escribo nuevas
Que no sabría escribir
Si tú no estuviste aquí 
Me faltan las palabras
Porque siempre empiezo 
A reír si pienso en ti.
No sé lo que quiero
Pero quiero seguir así.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Déjame

Quiero ser tu muleta
Quiero ser quien te da la mano
Quien escucha tus sonrisas 
Y quien escucha tus pedos.
Quiero estar a tu lado
Mismo que en silencio 
Sin hacer nada
Porque quiero ser alguien 
Que nunca he sido
Una mujer que no conozco
que tú vas a ayudar a descubrirse
Quiero hacerte reír
Como me haces cuando pienso de ti.

Duda

Cuando me besas
Mi boca se queda celosa
De no poder hablar de ti. 

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Despierta

 

Tengo miedo de dormir
Miedo de cerrar los ojos 
De soñar con ayer
No puedo soñar con ayer. 
Es demasiado para ahora
No puedo compartir eso
Lo que ocurrió es nuestro
O mío. Mi memoria.
Yo no puedo dormir
Voy a quedarme despierta
Para que sepas que no fue sueño
Y que el ayer aún está conmigo.
No puedo cerrar los ojos
Porque van a descubrir 
Que mismo que aún no esté 
Mi cuerpo no puede más.
Tengo ganas de ayer
De hacer todo otra vez
Y no puedo parar de hacerlo
Hasta que pueda cerrar los ojos.

Ibérico

- no sé qué sabor tienes
- Que saber tengo?!
- Si. No lo sé.
- Y por qué yo tenía un sabor?
- Todos tienen. O casi todos. Los que dejan marcas siempre tienen
- Como? Sabor de algo? Jajaja
Smack. Blurp. Smack.
- No. No lo sé.
- Que sabor buscas?
- El tuyo! Como si tuvieras un sabor único.
- Humus? 
- Ja-ja
- No puedo ayudarte. No tengo como probar a mí mismo
- Hunpf 
- Tendrás que quedarte conmigo otra vez para descubrir...
- Y si no descubro?
- Quédate para siempre.

- Tienes el mejor sabor de todos.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Oblíquo

Cheguei procurando por poesia 
Mas esse chão me gélida ainda mais
Não sei onde estão os meus pés.
Perdida nesse labirinto de becos,
Como é que a vida aqui se faz?

Eu que sempre sonhei com o dia
Em que alguém iria fazer uma análise... 
Meus dedos não sabem o que fazem.
Escrevendo esse monte de versos,
Aqui só se fala em ênclise? 

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Mulherzinha


Meio indefesa
Meio indecisa
Completamente perdida
E sem medo algum
Apenas leve
Sem pressa
Pedindo pro tempo parar
E deixar que eu continue 
Assim meio frágil
Pra você vir cuidar.

Por las calles de Madrid II

Por las calles de Madrid
Otra vez me dejas así
Como una mujer
Que nunca me permito ser.
Por las calles de Madrid 
Otra vez quiero volver 
Y hacer mucho más 
Que hicimos de la otra vez.
Por las calles de Madrid 
Y por todo el mundo
Solo quiero ser otra 
Quien fui contigo
Por las calles de Madrid.

Nada

- que decías?

- estoy de salida 

- ok. Nos vemos mañana.

- no. no habrá mañana.

- como no?

- así: n-o.

- por que?

- tu lo sabes. Piénsate.

- ...

- ...

- no hice nada

- ok. 

- te ayudo con la mala.

sábado, 22 de agosto de 2015

Cabô

- já acabou...

- então ta.

- ta?!

- você afirmou

- você concordou?!

- se eu discordar você reclama

- às vezes discordar é o certo

- ta. Já acabou?!?! Como assim?!

- irônico 

- exigente 

- não quero que acabe

- mas já acabou. Você disse

- eu disse. 

- quer recomeçar?

- não dá. Já acabou.

DR

- você nunca me amou de verdade

- lógico que sim

- eu sei que você acha isso. Mas não.

- por que você acha que as pessoas só podem amar do seu jeito?

- eu preciso de alguém que me ame do meu.

- não dá. 

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Frio na barriga

- É normal, isso?

- o quê?

- esse frio na barriga. É?

- não sei.

- e se eu...?

- não tem como. Vai sentir isso do mesmo jeito

- verdade.


...


- posso sentir de novo?

- o quê?

- esse frio na barriga. Acho que viciei.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Nunca antes



- nunca me aconteceu antes

- você já falou isso antes

- não. Juro que foi só essa vez

- parece aquele papo clichê. Propaganda de viagra 

- não fala a marca

- a gente não ta na tv

- você não tem como provar isso 

- não muda de assunto. Assume logo 

- eu juro.

- nunca antes na história desse país?

- nunca mesmo.

- nem uma linha?

- não. eu nunca escrevi nenhuma poesia pra você

- esse diálogo não conta?


sexta-feira, 10 de julho de 2015

Irrita

- você me irrita

- porque eu não respondo suas mensagens

- porque você não liga

- você também não me liga

- mandei mensagem

- bêbada conta?

- deveria valer por dois.

- não é porque você falou besteira que a honestidade vale mais

- deveria. Quando eu falo na cama o que você quer ouvir vale por 10...

- você me irrita.

Discussão

- eu não sei terminar essa discussão

- tanto tempo comigo e ainda não aprendeu?

- você sempre acha que ganha

- e você nunca aceita a derrota 

...

- eu poderia aceitar perder... se você não fosse tão 

- adoro quando você me elogia

- eu nem disse

- eu sei. Obrigado 

- hunpf 

- 2 a zero pra mim

sábado, 4 de julho de 2015

Nome

- não dá pra escolher um nome

- não temos como não escolher

- por que, não?

- não posso chamar o cão de cão.

- você pode o que quiser

- porque sou livre blá blá blá. Não, não dá.

- não sei porque fazem essa grande coisa com nome. É só um cachorro

- é o nosso filho...

- não sabia que meu esperma fazia beagle.

- você é hilário.

- pode escolher. 

- não deve ser assim...

- não deveria mesmo. Muito exagero pra um bicho.

- Joaquim.

- Jarbas. 

- nome ridículo.

- já chamei ele de Jarbas uma vez e ele atendeu. Nome tinha que ser isso: identificação.

- você é ridículo.

- chama ele de Jarbas só uma vez... Você disse que queria um nome pro cão e agora ta reclamando. Jarbas, ei!

- hunpf

- ele curtiu! 



quinta-feira, 2 de julho de 2015

Depois de ontem


- preta, daquela bem carnuda, sabe. Você tem gosto de azeitona preta.

Foi isso que eu disse quando acordei. Era um elogio. Ela não pareceu entender.

- você precisa amadurecer, Renato.

Azeitonas pretas são as melhores. Quando você olha elas no vidro já fica com água na boca. Cheias de suculência... Marcam presença onde estão. Não dá pra não notar. 
Eu podia comer todo dia. Talvez não todo dia exatamente, pode enjoar. Mas a ideia de ter uma ali na frente disponível pra quando quiser é simplesmente genial.

Ela não seguiu a metáfora.

- Renato, depois de ontem a única coisa que você tem a dizer é que eu sou uma azeitona? É isso?

Ela queria um clichê. Talvez a azeitona fosse muito pro paladar dessa menina. 

Mas ela mandou um "depois de ontem". Hum. Depois de ontem...
Depois de ontem pode ser um fracasso. Aquela discussão mala de relacionamento. 
Depois de ontem pode definir padrão. Aquele sexo fora do normal em que ela gozou umas 3 vezes e falei com t-o-d-a-s as letras o que ela se amarra em ouvir.
Depois de ontem pode não ser nada além de hoje.

- depois de ontem. Sim.

Eu não poderia dizer "estou apaixonado ou qualquer coisa". Não seria honesto. Se eu dissesse exatamente isso depois de ontem, aí sim teríamos um problema.

- depois de ontem, eu gosto mais de azeitona preta.

Ela arrumou as coisas e saiu. Sem nem falar nada. Não disse pra onde. 

Quase de noite, eu sozinho na cama:
A campainha tocou. Abri a porta e estava ela ali, com um pote na mão.


Depois de ontem ela nunca mais foi embora. 

domingo, 22 de março de 2015

Os finais são felizes. 
Você é que pensa que não
Por que termino na solidão?
Prefiro dizer que termino livre
Sem amarras ou amores
Sem alguém pra dizer não.

Pela manhã

- Talvez a gente não tenha nada a ver.

Ela começou assim o café da manhã. Depois de uma noite incrível de sexo, depois de eu ter sido arrastado pra um dos seus mil casamentos. 

- ovo mexido, quer?

Ela continuou a falar naturalmente, quase como se eu não tivesse escutado a sua primeira sentença. 
Sentença. Palavra curiosa pro momento. Sentença é frase, ne? Mas é veredicto. 

- eu fiz meio mole, meio duro. Como você gosta!

Ah, ela conhece meus ovos! Perdão com o trocadilho. Mas os ovos que ela me faz são os melhores! Não serve pra nada além disso na cozinha, mas os ovos... 
Eu vou comer antes de perguntar qualquer coisa.

- Mas então. Não sei se você ouviu...

Ouvi. Mas passa o sal antes?

- Nós não temos nada a ver.

Antes era "talvez". Agora ela parece falar com alguma certeza.

- Aquele dia no bar, ou no outro lá em Petrópolis... Sabe. Acho que tá evidente... Ontem também...

Peraí! Ontem?!?! Chegamos bêbados. Eu de terno grafite como ela gosta, ela de vestido vermelho como eu gosto. Chegamos no apê, comi ela de pé, de lado e deitada de bruços. Como assim ontem tá nessa lista?

- Tá... O sexo foi incrível. O sexo com você é sempre incrível. E é por isso mesmo que

Parei de escutar. Meu pau ficou duro na hora e eu só pensava em parar os ovos dela pra ela sentir os meu ovos outra vez. Mas ela cortou meu tesão.

- Sério. Foi mal, sabe. Mas é que, é que eu te curto demais. E acho que não vai dar mais. 

No caso não dar mais você diz que você não vai mesmo dar mais? Ai, merda.

- Não posso. Não nasci pra isso. Defeito congênito, de fábrica, sei lá. Difícil isso, sabe.

Não. Não sei. Já posso falar agora?

- Eu penso em você e me vem um monte de coisa maravilhosa. E é exatamente esse o problema! Não vai rolar, Fabio. Pra mim acabou.

Ela levantou e colocou o salto antes de fechar o vestido. Ajudei com o zíper, agarrei ela por trás e enfiei meu nariz na sua nuca. Não tinha mais o que fazer. Torci pra que isso fosse apenas uma fuga. Não disse nada. 
Ela escapou das minhas mãos. Bateu a porta. 

Chorei. 

O problema não era ela, era eu.

Quando lá do alto
Não te avisto
Tá distante
Não dá pra mais
Você ficou lá trás
Antes de eu decolar.
Não sei voltar
Esqueci o caminho
E não quero lembrar
Tá na hora de sair mesmo
Mas você quer ficar 
Não te reconheço
Nem você a mim
Cuida bem desse fim
Porque não tenho tempo
De pensar nos momentos.
Eu parti mesmo
Não foi pesadelo
Meu sonho tá acontecendo
E estamos distante outra vez.
Não foi insensatez, te juro
Não esqueci seus dons
Mas não há mais espaço
Pra andar no mesmo passo
Eu e você não somos mais
E isso jaz
Você sabe.
Ou poderia jazz,
Você também sabe.
Parti, obrigada.
Foi bom ser sua "ada".",
Nada.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Amor de carnaval


Tentei tirar a purpurina dos meus olhos da sua barba. Na verdade só fingi. Gostei de deixar uma marca da minha passagem em você. Como um sinal de propriedade, de direitos exclusivos. Mesmo que eu nem saiba seu nome. Você sabia o meu. 
E não precisávamos de mais nada.
A primeira vez assim. E eu me sentia livre como há muito não sentia. Certa, segura e feliz. 
Você disse umas coisas bonitas, eu fiz piada sem graça de ter sentido você tão perto de mim. Não queria virar as costas. Mas e o medo de dizer que eu poderia me apaixonar só com esse pouco? 
Você tem as palavras certas. Exatas. Gelei. Com "i", não posso esquecer. 
Me afastei. Não dava pra esperar. Você é gentil demais, alguém de quem posso me orgulhar. Tenho medo de gostar. 
Podia ser meu jardineiro fiel. 
Virou uma boa lembrança. Um momento pra carregar pra vida, como você bem disse.
Já to sentindo saudades. Minhas purpurinas não estão mais em mim.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Um dia comum


Aquela vez no mercado. Discutimos sobre qual creme de leite levar. Você querendo o mais saboroso. Eu na bandeira do quanto mais light melhor. Levamos um de cada. Você acabou comendo dos dois sem nem perceber.
Na sessão de molhos, debruçado horas como se fosse uma decisão importantíssima. Enquanto eu te olhava, apaixonada, nem aí pra quanto tempo você iria demorar.
Admirava seus músculos, suas costas fortes. Você é o único homem que conheço que fica bem de regata. Fica muito bem, pra ser justa.
Lógico que você sabia que eu tava te secando. E se alongou daquele jeito só pra rir da minha cara. Rimos. A sua gargalhada vem aos poucos. Quase nunca, rara. Mas quando vem, me sinto dona do universo. E você ri mais ainda porque sabe como me faz feliz quando mostra os dentes brancos contrastando com a sua pele morena. 
Escolho qualquer um dos molhos da sua mão e você me puxa pra roubar um beijo em público. Tsc, tsc: aqui não pode... E você faz que não escuta. Cedo.

A conversa com a moça do caixa, você me seca como se nunca tivesse me visto e eu tivesse nua dançando hula. Olho no olho, conferindo em frações de segundo tudo que fez você me escolher.
É. Eu puxo papo com todo mundo enquanto você observa calado e cheio de vontade de ir embora e de me ouvir falar só pra você. 
Eu e você cheios de ciúmes dos molhos, do mercado, do tempo. Porque ele passa mais momentos do que conseguimos acompanhar. 

A moça pede licença: vão pagar como?

Currículo

Sou uma cantora boa, mas ruim.
Toco piano direito, já esqueci tudo.
Corro rápido, nem tanto.
Jogo futebol, éeeeee...
Joguei basquete, lutei capoeira, fiz judô, fiz balé clássico, dança israelense, ginástica rítmica, natação, inglês, francês, grego, curso de desenho, dança africana, curso de culinária, de dublagem e de locução. Hablo español, sei algo sobre jazz, dietas, viagens, poesias. Tentei saber sobre tudo. 
Acabei publicitária.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Desejo



Eu queria escrever algo que dissesse o que foi o Quênia.
Algo que pudesse trazer as pessoas pra dentro das minhas memórias, que elas pudessem sentir o cheiro podre das ruas, tocar as mãos sujas de crianças sorridentes, ouvir o "how are you?" matinal das vozes finas.
Queria que elas sentissem o peso de pisar na lama das ruas, que elas vissem crianças almoçando uma manga. Queria que elas tocassem no cansaço de viver ali.
Queria que elas caminhassem pela favela, que fossem chamadas de musungo, que tivessem vergonha de não poder mudar o mundo.
Que dessem pro outro a própria comida, que não se importassem com as alergias, que brincassem com as crianças sem frescura.
Que dançassem torcendo pra hora durar, que essas pessoas não tivessem medo de se envolver. Queria que elas ouvissem de quem mora ali, que a vida dele é assim mesmo, e mesmo assim ele sorri! Queria que as pessoas aprendessem.
E que soubessem que há muito mais lá fora do que se pode pensar.
Queria fazer com que essas pessoas esquecessem peque julgam conforto porque conforto é ser feliz com pouco. Queria poder sentir o cheiro podre de novo e achar ele gostoso porque ele é o cheiro de quem se importa com coisas maiores.
Queria ser maior do que sou. Melhor do que sou.
Queria poder levar o Quênia pra todos os lugares do mundo.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

No bolso

Queria ler o livro
Que ta dentro da cabeça
"Não se esqueça daquele dia"
Eu te diria assim sem nada
Com uma voz quase apaixonada
De quem não sabe bem o que faz.
Mas acho que não dá mais
"Não sei o que acontece com você"
Talvez seja meu medo de perder
Não você mas a juventude 
Que vai embora de jeito qualquer 
Com bem ou mal me quer
Sei lá, sabe, assim
Eu pra você e você pra mim
Parece meio baboseira
"Sabe que isso é asneira"
Você trocaria a palavra
Só pra dizer a sua e não a minha
E a gente um dia se alinha 
Nesse eterno "não temos nada"
"Eu nunca quis ser sua namorada"
E a verdade é que digo sem saber
Se eu poderia mesmo dizer
Que isso tudo é mentira
Que prefiro ficar assim só
Pra que eu sempre tenha um novo nó
Pra começar a desfazer.
Eu não sei viver presa.
E por isso tenho pressa
De me soltar em tudo quanto é lugar!
Se você quiser vir do meu lado
Até finjo ser meu namorado
Mas a bem verdade é que quero você
Pra ser meu amante de viagem
Alguém pra me levar além
Do que minhas pernas podem ir.
Passou da hora de partir.