quarta-feira, 25 de junho de 2008

Homenagem

Em uma estrela da Lapa
Se esconde uma odisséia
Que nem a boemia carioca
Consegue disfarçar.

O circo está armado
E mesmo se os sons não forem democráticos
Ninguém no mundo os confunde.

Essa mistura de rock com samba
E funk na salsa
Denota a fundição,
O arco-íris
De mundos estranhos
Onde rola todo dia
O cenário do Rio
Ali perto da Lavradio
Sob os arcos da Lapa a quarenta graus.

Ironia

Tô esperando...


...

...

...



Pra ver se ansiedade passa.

Prisão

Lá pelas quatro da manhã
Me delataram ao policial
Eu não tava fazendo nada, juro
Mas nem quiseram ouvir o final.
- Aqui isso não pode!
Pode não, disse o policial
E eu já entregue
Declamei sobre as escadas
- Eu não sou marginal!
E me levaram pra DP
Ou vindo qualquer coisa no rádio
Ou talvez um cd.

E mesmo a culpa não sendo minha
Tive que enrolar
Soltar a lábia na ladainha
Pra dizer logo de vez
Que não era bem isso,
Jovem tem sensatez.
E foi tanta veemência dita
Que hoje eu nas ruas
Tenho ainda em minha ficha:
Prisão por abuso.

Lugar-comum

Poder-se-ia dizer...
Já é velha!
E velho não faz essas coisas!
Mas nem por isso escutaria...
Sob suas vigas corre a vida!
Alguém se atreve a dar um basta?

Sem descanso e na manguaça
Pulam em duplas nas escadarias
Se não houvesse mais...
Ou se houvesse um pouco menos...

Lapa

Lá pelas duas da manhã.
E foi assim que tudo começou
Entre esquinas e ambulantes
Sob o cheiro forte dos salsichões
Eu disse não.
A princípio...
Depois pensei a fundo
Bem lá no fundo!
Cogitei a proposta,
Não era bem uma resposta
O que ele esperava.
Eu disse:
Calma!
Ele disse:
Agora!
Pois então fui eu embora
Da minha noite

Com uma rosa nas mãos.