quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Pulo

No primeiro plano
Do trampolim, um salto.
Não me descalço.
Apenas observo insano.
Não adianta trama
Nas raias ao longo.
Mas não ignoro...
Isso é comédia, ou drama?

Gosto

...se ao menos os meus sais fossem mais doces...

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Blá blá blá

Dúvida inóspita
De não saber o que dizer
Enquanto a crença oscila
Em verbetes graves.

Não sei a resposta
Não há muito o que fazer
Na ponta da língua solta
Sussurrando em outros ares.

Anseio pela calma
Que só você sabe trazer
Em versos da sua prosa
Simulando nossos pares.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Palheta

Na cor
No tom da pele
Se revela meu rubor.
Mas nem sinto dor.
O calor já tomou meu corpo
E mesmo em sonho torto,
Sei que dessa cor
Misturada àquela
Farei a minha aquarela.

Voz

Em outros cantos
Não sigo o encanto
Que outras vozes
Tentam cantar com a minha.

Contanto,
Sei que é tanto...
E que ainda há cantos
Muitos pra se fazer!

No entanto,
O meu inverso sem pranto
Quando entoado em alto,
Será cantado com a sua.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Bem-me-quer

...arranquei todas as pétalas pares.

Ais

Mente dele
Corpo meu
Dor que ninguém sente
Num torpor inerente.
Sinto,
Retendo o que se foi
Como quem diz, bobo, surpreso,
Como sem ter pré visto ou vivido:
O sol se põe!
Porém...
Conheço quem me tem...
Sei que ontem,
Riso, rubor e outros,
Tudo foi em menos tempo.
Foi só.
Somente nós.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Ansiedade

Meu estômago corrói...
Ô ansiedade louca!
Nem me reconheço!
Passo o dia a tremular
Uma perna e outra também...
Sem nem ter mais unhas a roer
Esperando sabe lá o que!
To ficando doida
Até um muito boba
Por causa de uma calma que não tenho.
Ai...
Quase contorcionista
Esqueço que sei ser a mesma
Que finge não dar na vista
Quando bate uma coisa assim como esta.

domingo, 12 de outubro de 2008

Dividendos

Na minha soma
Sádica é minha dor
Que minha conta não sabe
Se de fato tem valor.
A matemática é minha
Que somatizo sem somar.
Meu total
Não é número perfeito
Mesmo sem nada restar.

Soma

Uma dor somática
Ai, meu corpo!
Com quilos extras com razão
De uma vida dramática.
Com mais tragédia e menos solução
De um dia desses de estorvo.
Finjo não sentir mais
Pra ver se tudo sai.

Me ajuda com a matemática?

Manha

Meu humor russo
Numa constante montanha
Nem reconheço o curso.

Não à toa, talvez
Eu descubra meu trajeto
Mas tento manter a sensatez.

Apesar das dores
Mesmas, iguais a sempre
Não sei ter amores.

Numa ansiedade tamanha
Que sinto corroer o estômago.
Preciso parar de fazer manha.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Meus

Minhas metáforas,
As melhores amigas de um poeta que não sabe falar.
As duras penas que não se pode sentir
Com outras palavras.

Meu dicionário,
O soberano de todo o saber.
Que ignora qualquer dúvida por vir
Com as mesmas palavras.

Meu,
A única certeza que ainda finjo ter.
Na esperança de tornar real esse fingir.
Com as suas palavras.

Pois

De repente olho as unhas roídas...
Tento lembrar em ser otimista
Mas não esqueço minhas promessas...

Depois, é preciso viver...
Mas viver de que?
Nesse tempo não há pressa...

Remonto um castelo
Na busca de me fingir segura.
Meu rubor, no entanto, me confessa.

Pois:
Que cresçam as unhas.
Quebrem-se as promessas.
Vivam-se com calma.
Derrubem-se as muralhas.



Só não me acordem para o jantar.

Tola

Nada além sai de minha boca
Não sei quem roubou minhas palavras...
O que será que ocorre?
Minha voz continua rouca.
Num suplício que não vem
E nem traz uma lembrança
Fico à mercê da memória como tola.
Um momento apenas
E eu esqueço jamais
De todo passado que ficou para trás.

A dois

Boa é a hora em que o silêncio sucumbe ao beijo.