terça-feira, 7 de abril de 2009

Desconfio de certas gramas

- Por que as mulheres são tão desconfiadas? - ele perguntou na ânsia de ouvir da minha boca uma explicação plausível. Eu apenas ri.



- Sério. Engraçado, né?! Mulher sempre acha que a gente é garanhão, que é só conversar com uma outra mulher e tá tudo perdido!



Fiz qualquer expressão facial.



- Você também é assim? Desconfiada?



Ri um pouco mais e assenti de leve com a cabeça. Queria concordar com mais veemência, mas tive receio em assumir pra mim mesma a fragilidade.



Ele, então, calou-se. Talvez quisesse contar seu drama. Mas eu não estava à disposição para esclarecer para um homem qualquer o porquê da insegurança feminina.

Veio à mente a reflexão. Se todas as mulheres são desconfiadas, talvez sejam eles, os homens, os responsáveis por tal.

Esses modelos masculinos e femininos injetados pela sociedade são, na verdade, não preconceitos, mas sim desculpa para ações impensadas. Impulsos sem justificativa fundada, baseada em acontecimentos, causas e efeitos.

No entanto, pensei nessa concepção de que meu discurso talvez também fosse algo que fora me dado pronto. Não tive experiências o suficiente nos meus 20 e poucos anos que me fizessem grantir uma análise totalmente particular.

Fiquei mais desconfiada ainda. Até imaginei, por consequência, que aquele homem aparecera para mim com aquele desabafo por intermédio de uma intervenção cósmica.
Há muito que eu não pensava na visão de mim mesma frente ao universo do sexo oposto. Não sei se por descuido, ou por retração.

O que de fato me ocorreu é que aquelas poucas frases proferidas em uma manhã qualquer por um homem desconhecido tem uma verossimilhança indescritível, quase inexistente. Ainda mais hoje, quando a insatisfação parece brotar como erva-daninha na grama, sem nem motivos.

Mas, se a grama do vizinho é mais verde que a minha, eu prefiro agarrar à insconstância de uma ulher. A segura morreu de velha. Mesmo sem a grama limpa.

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