sábado, 14 de fevereiro de 2015

Um dia comum


Aquela vez no mercado. Discutimos sobre qual creme de leite levar. Você querendo o mais saboroso. Eu na bandeira do quanto mais light melhor. Levamos um de cada. Você acabou comendo dos dois sem nem perceber.
Na sessão de molhos, debruçado horas como se fosse uma decisão importantíssima. Enquanto eu te olhava, apaixonada, nem aí pra quanto tempo você iria demorar.
Admirava seus músculos, suas costas fortes. Você é o único homem que conheço que fica bem de regata. Fica muito bem, pra ser justa.
Lógico que você sabia que eu tava te secando. E se alongou daquele jeito só pra rir da minha cara. Rimos. A sua gargalhada vem aos poucos. Quase nunca, rara. Mas quando vem, me sinto dona do universo. E você ri mais ainda porque sabe como me faz feliz quando mostra os dentes brancos contrastando com a sua pele morena. 
Escolho qualquer um dos molhos da sua mão e você me puxa pra roubar um beijo em público. Tsc, tsc: aqui não pode... E você faz que não escuta. Cedo.

A conversa com a moça do caixa, você me seca como se nunca tivesse me visto e eu tivesse nua dançando hula. Olho no olho, conferindo em frações de segundo tudo que fez você me escolher.
É. Eu puxo papo com todo mundo enquanto você observa calado e cheio de vontade de ir embora e de me ouvir falar só pra você. 
Eu e você cheios de ciúmes dos molhos, do mercado, do tempo. Porque ele passa mais momentos do que conseguimos acompanhar. 

A moça pede licença: vão pagar como?

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