- preta, daquela bem carnuda, sabe. Você tem gosto de azeitona preta.
Foi
isso que eu disse quando acordei. Era um elogio. Ela não pareceu entender.
- você
precisa amadurecer, Renato.
Azeitonas
pretas são as melhores. Quando você olha elas no vidro já fica com água na
boca. Cheias de suculência... Marcam presença onde estão. Não dá pra não
notar.
Eu
podia comer todo dia. Talvez não todo dia exatamente, pode enjoar. Mas a ideia
de ter uma ali na frente disponível pra quando quiser é simplesmente genial.
Ela
não seguiu a metáfora.
-
Renato, depois de ontem a única coisa que você tem a dizer é que eu sou uma
azeitona? É isso?
Ela
queria um clichê. Talvez a azeitona fosse muito pro paladar dessa menina.
Mas
ela mandou um "depois de ontem". Hum. Depois de ontem...
Depois
de ontem pode ser um fracasso. Aquela discussão mala de relacionamento.
Depois
de ontem pode definir padrão. Aquele sexo fora do normal em que ela gozou umas
3 vezes e falei com t-o-d-a-s as letras o que ela se amarra em ouvir.
Depois
de ontem pode não ser nada além de hoje.
-
depois de ontem. Sim.
Eu não
poderia dizer "estou apaixonado ou qualquer coisa". Não seria
honesto. Se eu dissesse exatamente isso depois de ontem, aí sim teríamos um
problema.
-
depois de ontem, eu gosto mais de azeitona preta.
Ela
arrumou as coisas e saiu. Sem nem falar nada. Não disse pra onde.
Quase
de noite, eu sozinho na cama:
A
campainha tocou. Abri a porta e estava ela ali, com um pote na mão.
Depois
de ontem ela nunca mais foi embora.
Muito bom, Sama! Eu queria dizer que adoro azeitonas, mas isso é ridículo de se dizer aqui. O texto é massa mesmo, mande mais!
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