Podem me julgar. Mas não estou nem aí pros 20 centavos, pra coleta seletiva ou pra matança das baleias. Não que eu não me importe com causas grandes como essas. Mas é que infelizmente sou defrontada constantemente com causas maiores que essa. Hoje, pela quarta vez na minha vida, fui assediada sexualmente.
Não tenho mais o direito de ir e vir como bem quiser porque se uso um shortinho jeans estou praticamente induzindo um babaca a enfiar a mão no meio das pernas! Não, eu não pedi isso. Ainda que eu estivesse pelada rebolando até o chão, isso não garante a ninguém o direito de encostar a mão em mim.
Foi a quarta vez. Quarta!!! Já disse isso? A quarta vez que um homem em toda a sua superioridade imbecil masculina se assume no direito de violar o corpo de uma mulher, o meu corpo. O pior: e a coragem pra enfrentar um grupo de marmanjos bêbados? Provavelmente amigos desse idiota e que o defenderiam dizendo: "mas ele só ta bêbado".
Não. Não. Não e não.
Essa é a hora que me irrita e me envergonha morar nesse país. Essa cidade que se diz a mais perfeita do mundo, que diz ter mulheres lindas mas não faz o mínimo que é respeitar o próximo.
Eu chorei hoje. Quem me conhece sabe que isso não é do meu feitio. Mas chorei. Pela impotência de não fazer nada depois de sentir a mão de um estranho em um lugar onde não ninguém entra sem o meu consentimento.
A minha vontade era de quebrar a garrafa de vidro na cabeça dele. Meus amigos me seguraram, talvez por receio de uma retaliação dos comparsas desse babaca.
Eu estou decepcionada. Triste. Puta mesmo, no português claro.
Porque nada, nada, nada justifica o que esse imbecil fez comigo.
E agora a única coisa que tenho a fazer é lamentar e me "conformar" porque essa não foi a primeira vez e talvez não tenha sido a última. Que merda de lugar.