terça-feira, 30 de junho de 2009

Foi-se o tempo em que a desconfiança permitia à minha insegurança um mínimo de distância.

Direção

Mesmo dirigindo no escuro, havia anos que não errava o caminho.

Desconfio

Tem muita sereia achando que é peixe.

Ataque

Ataquei de mim mesma
Quando taquei as verdades.
Não deveria ter aberto mão
Tinha que guardar a vontade.
Pois em outra vaidade
Mora uma certeza
Que não condiz à realidade.
Tá sobrando falta de caráter
Nessa tal de sobriedade.

Domingo à noite

Clichê...
Na última sessão
Como se houvesse desculpa
Pra solidão inventada.
Já que é impossível
Ficar junto a si mesmo,
A desculpa da necessidade
Tenta suprir a falta de lealdade
Ao prórpio coração.
Alguém, pelo menos,
Respeite a razão.
Tenho nojo da pouca criatividade.
O mais dificil ao escolher o que dizer é conseguir ficar em silêncio.

Sob encomenda

Enquanto você comia o combo triplo
Eu arrancava pelos com as mãos.
Bem sabia.
Não podia acabar nada bem.
Um egoísmo tão grande
Não dá pra vestir esse tamanho.

Pedi a conta

- Se.
- Quando.
- Solteiros?
- Não, não vale.
- O nome não importa.
- Vamos ao cinema?
- Ótimo, excelente.
- Desgradável...
- Ponto na história.
- Incrédula...
- Não sei o que te dizer...
- Nunca...
- Desculpa.
- Humilhação.

Spam

Podia entupir mais as caixas.
De repente ficariam como eu:
Entupidas de gordura.
Como gruda!
Manda pra spam,
Sugiro, enquanto dá.
Depois, na vida dura
Nem com folha de arruda.

Existe praga que não sai.

Piada

Só gostava de mim quando estava de bom humor.
Então, de quem gostava?

Confesso

Não estou sendo irônica.

Descoberta

Nessas minhas andanças que eu descobri.
Só é possível o gozo quando há bom humor.

Seria o travesti palhaço de circo?

Hunpf

Minha caneta faz:
Tec.
Tec.
Tec,
Tec.
Tec!
Tec!!
Tec...
Téc.
Tec.
Tec. Tec. Tec.
Téééc.
Teeec...
Tec.


Hunpf.
Vooooooooooou!

Joguei pela janela.

Transmentindo

Dá pra botar no ar?
É fácil, bem rápido.
Você diz o que não sabe
E eu digo o que não sinto.

Posso?

Posso repetir a pergunta?
O que vale a pena,
Ignorar a certeza que não vem
Ou fingir que está tudo bem?
Posso fazer os dois?
Ao mesmo tempo,
Brinco de ser normal
E você de ser real.
Posso acreditar em tudo?
Engano a minha razão,
Lembro de uns dias
E gravo só alegrias.

Migração

Soprei de leve
De mansinho
Foi só um
Fuuu...!
E o vento
Se encarregou sozinho.
Levou de cá
Lá pra distante
Meu ar...
Sorri.
E tudo
Foi mais que instante.
Agora volta
Um pouco de pressa
O coração.
Pois no verão
Nenhum amor regressa.