Há horas em que o artista apenas sai de cena. Termina seu show, agradece a audiência e espera o fechar das cortinas. Embora nem sempre receba as críticas do público, tem através dos risos e choros ouvidos durante o espetáculo a avaliação do público.
Um dia, no entanto, o artista não ouve nada. Não escuta fungadas, nem sussurros e nem risadas. O público etá ali, apático. E ainda presente apenas para fazer valer o ingresso comprado com antecedência. Se soubesse esse público do desastre, talvez não teria pagado pra ver.
Alguns raros ainda assistiriam ao artista. Quem sabe, na ânsia de entender o que pode ser, no julgamento de outro, o melhor número, a melhor carta na manga. Mesmo discordando de quem se apresenta, esse público está disposto a pagar pra ver se todos os minutos valeram a pena. Quanto valem os seus próprios minutos.
Uns saem satisfeitos. Pelo menos o show foi melhor do que o esperado. Outros acham que durou demais. Põem um ponto final tão rápido quanto o inicial. E, por último, há os que não sabem julgar o que assistiram.
Direito de todos, claro. Ao artista, cabe a coragem de se expor sob um holofote. O medo do artista, no entanto, é perceber ao final de tanto esforço, entrega e preparação, ainda que ele seja o único capaz de fazer tal, que nem sempre é possível emocionar o público. Para bem, ou para mal, com ou sem mágoas, é essa a hora de desmontar a lona.
quinta-feira, 7 de maio de 2009
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